domingo, 14 de outubro de 2012

Dos Filósofos

Vê-se que não são juízes e testemunhas imparciais do valor do ideal ascético, esses filósofos! Eles pensam  em si  que lhes importa "o santo"! Pensam no que lhes é mais indispensável: estar livre de coerção, perturbação, barulho, de negócios, deveres, preocupações; lucidez na cabeça; dança, salto e vôo do pensamento; um bom ar, fino, claro, livre, seco, como é o ar das alturas, em que todo animal torna-se mais espiritual e recebe asas; paz em todos os subterrâneos; todos os cães bem amarrados  à corrente; nenhum latido de inimizade e de cerdoso rancor; nenhum verme roedor de ambiçãoferida; vísceras modestas e submissas, diligentes como moinhos, mas distantes;  o coração alheio, além, futuro, póstumo - em suma, eles pensam no ideal ascético como o jovial ascetismo de um bicho que se tornou divino e ao qual nasceram asas, que antes flutua sobre a vida do que nela pousa. Sabe-se quais as três palavras de pompa do ideal ascético:  humildade, pobreza, castidade; observemos de perto as vidas dos grandes espíritos fecundos e  inventivostodas as três serão sempre encontradas até certo grau.  Não,  entende-se, que sejam talvez "virtudes" suas - que  tem essa espécie de homens a ver com virtudes! - mas as condições mais próprias e mais naturais de sua existência  melhor,  de sua fecundidade  mais bela.  Nisto, é bem possível que sua espiritualidade dominante tivesse primeiramente de  pôr freios num orgulho indomável e suscetível e numa sensualidade caprichosa, ou que tivesse a custo mantido sua vontade de "deserto" diante de um pendor ao luxo e ao rebuscamento, e diante de uma pródiga liberalidade de mão e coração. Mas ela o fez, justamente como instinto  dominante,  que impôs suas exigências a todos os demais instintos - ela o faz ainda; não o fizesse, não dominaria. Não há nenhuma "virtude" nisso, portanto. De resto, o  deserto  de que falei, onde se retiram e se isolam os espíritos fortes, de feitio independente - oh, que outro aspecto tem, quando os homens cultos imaginam um deserto! - em ocasiões são eles mesmos o deserto, estes homens cultos. E é certo que os atores do espírito não suportariam absolutamente viver nele - para eles, está longe de ser suficientementeromântico e sírio, suficientemente teatral! É verdade que nele não faltam também os camelos: mas a isto se reduz toda a semelhança. Uma obscuridade voluntária, talvez; um evitar a si  mesmo; uma aversão a barulho, veneração, jornais, influência; um emprego modesto,um cotidiano, algo que esconda mais do que exponha; ocasionalmente, contato com bichos  e aves inofensivos e alegres, cuja visão distraia; montanhas como companhia, mas não mortas,e sim com  olhos  (ou seja, lagos); até mesmo um quarto numa pensão sempre lotada, onde se  esteja seguro de ser confundido com outros, e de poder falar impunemente com qualquer um - isto é "deserto": oh, é solitário o bastante, creiam-me! Quando Heráclito retirou-se para os pátios e colunatas do grande templo de Artemis, este "deserto" era mais digno, admito: por que  nosfaltam  hoje tais templos? (- talvez não nos faltem: penso em meu mais belo quarto de estudo, a  piazza di San Marco,  na primavera naturalmente, pela manhã, entre dez e  doze horas). Mas aquilo a que Heráclito fugiu é ainda o mesmo que atualmente evitamos: o ruído e o palavrório democrático dos efésios, sua política, suas novidades do "Império" (a Pérsia, entenda-se), suas miudezas do "hoje" - pois nós, filósofos, necessitamos descanso de  uma  coisa sobretudo: do "hoje". Nós veneramos o que é tranqüilo, frio, nobre, passado, distante, tudo aquilo em vista do qual a alma não tem de se defender e se encerrar - algo com que se pode falar sem elevar a voz. Ouça-se o timbre de um espírito quando fala: cada espírito tem seu timbre, ama-o. Aquele, por exemplo, deve ser um agitador, quer dizer, uma cabeça oca, vasilha oca: O o que quer que nele entre, sai opacoe amortecido, carregado do eco do grande vazio. Aquele outro quase sempre fala roucamente: teria enrouquecido pensando?  É possível - pergunte-se aos fisiólogos -, mas quem pensa em  palavras,  pensa como orador e não como pensador Cisto revela que ele não pensa ascoisas, os objetos, não pensa objetivamente, mas apenas a propósito das coisas; que na verdade pensa em  si  e em seus ouvintes). Um terceiro é muito insistente, aproxima-se demais, seu hálito nos toca, involuntariamente fechamos a boca, embora nos fale  através de um livro: o tom de seu estilo nos diz a razão - ele não tem tempo, ele mal crê emsi mesmo, precisa falar hoje ou nunca. Mas um espírito seguro de si mesmo fala baixo; busca o ocultamento, deixa que esperem por ele. Reconhece-se um filósofo no fato de evitar três coisas que brilham e fazem barulho: a fama, os príncipes e as mulheres - o que não quer dizer que elas não o procurem. Ele receia a luz demasiado clara: por isso se resguarda de seu tempo, e do "dia" desse tempo. Nisto é como uma sombra: mais o sol se põe, maior ele fica.Quanto à sua "humildade", assim como suporta o escuro, suporta também uma certa dependência, um certo obscurecimento: mais ainda, ele teme ser incomodado pelo raio, recua ante a desproteção de uma árvore só e abandonada, na qual toda intempérie descarrega seu  mau humor, todo mau humor sua intempérie. Seu instinto "maternal", o secreto amorao que nele cresce, mostra-lhe situações em que é dispensado de pensar em si; no mesmo sentido em que até agora o instinto de mãe da mulher conservou a situação dependente da mulher. Em última instância exigem bem pouco esses filósofos, a sua máxima é: "quem possuié possuído" - isto, como tenho de repetir vez por outra, não por virtude, por uma meritória vontade de singeleza e moderação, mas porque o seu senhor supremo assim exige, prudente e inexoravelmente: ele tem em conta somente uma coisa, e apenas para ela junta e  acumula tempo, energia, amor, interesse. Essa espécie de homem não gosta de ser perturbada por inimizades, tampouco por amizades; esquece ou despreza com facilidade. Parece-lhe mau  gosto fazer-se de mártir;  "sofrer pela verdade" - isso deixa para os ambiciosos e heróis de palco do espírito, e para todos os que têm tempo para isso (- eles, os filósofos, têm algoa  fazer  pela verdade). Eles fazem pouco uso das grandes palavras; diz-se que mesmo a palavra "verdade" Ihes repugna: soa grandiloqüente... No que toca, por fim, à castidadedos filósofos, a fecundidade desse tipo de espírito está evidentemente em outra coisa que não  crianças; também em outra parte deve estar a sobrevivência de seu nome, sua pequena imortalidade (ainda mais imodestamente falava-se, entre os filósofos da antiga Índia: "para que descendentes, para aquele cuja alma é o mundo?"). Nisso nada existe de castidade por um escrúpulo ascético ou ódio aos sentidos, como não há castidade quando um atleta ou um jóqueis e abstém de mulheres: assim o deseja, nos períodos de gravidez ao menos, seu instinto dominante. Todo artista sabe como o coito tem efeito nocivo, nos estados de grande tensão e preparação espiritual; entre eles, os mais poderosos e mais seguros nos instintos não necessitam sequer da experiência, da má experiência, para sabê-lo - é o seu instinto "materno" que, em proveito da obra em formação, recorre inapelavelmente a todos os suplementos e reservas de força, de  vigorda  vida animal: a força maior  gasta  então a menor. - Interpretemos agora o caso de Schopenhauer, mencionado acima, conforme estas observações: evidentemente a visão do belo atuava nele como estímulo liberador da  força principal  de sua natureza (a força da reflexão e do olhar aprofundado); de modo que esta explodia e de imediato tomava conta da consciência. Com isso não se deve em absoluto excluir a possibilidade de que a peculiar doçura e plenitude própria do estado estético tenha origem precisamente no ingrediente "sensualidade" (assim como da mesma fonte vem o "idealismo" das moças núbeis) - de que, assim, a sensualidade não seja suspensa quando surge o estado estético, como acreditava Schopenhauer, mas apenas se transfigure e já não entre na consciênciacomo estímulo sexual. (Voltarei uma outra vez a este ponto, com relação a problemas ainda mais delicados da até agora intocada, inexplorada fisiologia da estética.)

Genealogia da Moral, Nietzsche, páginas 42 a 44.


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Estoicismo

Produz para ti próprio uma definição ou descrição da coisa que te é apresentada, de modo a veres de maneira distintiva que tipo de coisa é na sua substância, na sua nudez, na sua completa totalidade, e diz a ti próprio é seu nome apropriado, e os nomes das coisas de que foi composta, e nas quais irá resultar. Pois nada é mais produtivo para a elevação da alma, como ser-se capaz de examinar metodica e verdadeiramente cada objecto que te é apresentado na tua vida, e sempre observar as coisas de modo a ver ao mesmo tempo que universo é este, e que tipo de uso tudo nele realiza, e que valor todas as coisas têm em relação com o todo.

—Marco Aurélio, Meditações, iii. 11.
 Fonte: Wikipédia

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

PORQUE O VATICANO INSISTE EM MANTER O CELIBATO DOS PADRES


por Lygia Cabus

Exercer a alta magia
é fazer concorrência ao sacerdócio católico,
é ser um padre dissidente (Eliphas Levi)

Por incrível que possa parecer, a Igreja Católica Apostólica Vaticana (há muito não é Romana) é a primeira herdeira e sucessora do sacerdócio da Alta Magia que foi praticada da durante milênios na Antiguidade.

 ...nos símbolos evangélicos, vemos o Verbo encarnado ser, na sua infância, adorado por três magos...

A Igreja ignora a magia  porque porque deve ignorá-la ou perecer... ela nem ao menos reconhece que seu misterioso fundador foi saudado no seu berço por três magos, isto é, pelos embaixadores hierárquicos de três partes do mundo conhecido e dos três mundos analógicos da filosofia oculta.
(LEVI, 1993 - p 51/52)

Os antigos chamavam a magia de sanctum regnum, o santo reino ou Reino de Deus. A magia é feita para os reis (do reino de Deus) e padres.  O sacerdócio da magia não é um sacerdócio vulgar e sua realeza nada tem... com os príncipes deste mundo.

Os reis da ciência são os padres da Verdade e seu Reino  fica oculto para a multidão, como seus sacrifícios e suas preces. Os reis da ciência (conhecimento) são os homens que conhecem a Verdade e que a Verdade tornou livres, conforme a promessa formal do mais poderoso dos Iniciadores (Refere-se a Jesus que disse: Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará).
(LEVI, 1993 - p 72)



Hoje, um dos pontos mais controversos da disciplina imposta aos padres dessa Igreja é a insistência dos Papas em manter o princípio do celibato obrigatório para os padres. Por causa disso, O Vaticano tem sido acusado de ser pregar uma religião anacrônica, retrógrada.

Porém, o fundamento verdadeiro deste princípio, do celibato, torna obrigatório que os Papas o mantenham, ainda que sejam incompreendidos e ainda que isso tenha provocado descontentamento entre os próprios padres e evasão de fiéis.

Abrir mão da obrigatoriedade do celibato seria fazer uma concessão unicamente por motivo político, para agradar a opinião pública, para manter os fiéis sendo infiel a princípios cuja observância é indispensável ao exercício do sacerdócio (uma codicion sine qua non).

Os que combatem e desdenham dessa prática, os críticos dos Papas contemporâneos e pós-modernos, desconhecem os fundamentos que tornam obrigatório o celibato  ̶  castidade, abstinência sexual. A alternativa de explicar tais fundamentos seria uma providência inútil.

O assunto, de fato, é complexo e envolve aquilo que se chama de mistérios ou conhecimento esotérico, destinado somente aos Iniciados. Não se trata de monopolizar o conhecimento mas tentar divulgar essa Ciência seria algo como querer que o público comum entendesse facilmente os princípios da Física quântica, por exemplo.

Além disso, expor esse assunto em minúcias obrigaria a religião católica a assumir sua relação direta com as práticas da Alta Magia, que são técnicas da esfera da ciência noética conhecidas desde a Antiguidade. Uma revelação que poderia ter conseqüências mais desastrosas   ̶  ainda  ̶  que a insistência em manter o dogma do celibato.

Conseqüências tais como endossar as práticas de alta magia produzindo um interesse nestas práticas muito maior do que o que já se verifica com acrescimento das religiões da Nova Era que vêm  ressuscitando o antigo paganismo exotérico, popular, como opção religiosa.

Porém, esse interesse tem produzido unicamente um conhecimento superficial, obtido em livros simplistas, em workshops de uma semana que, absolutamente, não formam verdadeiros magos-sacerdotes; mas charlatães de todo tipo.

Todavia, aquilo que o Vaticano não faz porque é, realmente, um esforço praticamente destinado à total e errônea compreensão será feito neste ensaio mesmo que o entendimento do que está escrito dificilmente alcance plenamente o entendimento de muitos leitores, especialmente aqueles que somente entendem aquilo que gostariam de ouvir; que preferem a mentira agradável, leniente, à verdade dura.

Porém, se as pessoas se acham no direito de criticar o sucessor do Cajado de Pedro não deveria ser por causa desta questão. Neste ponto, os Papas têm sido absolutamente corretos à doutrina que fundamenta a formação de seus sacerdotes.

Nesta introdução, cabe ainda advertir que acusações contra a conduta dos padres e Papas ao longo da Historia não servem como argumento para invalidar a necessidade do celibato. A corrupção de alguns não muda os fatos. Os sacerdotes e papas católicos que foram ou são, eventualmente corruptos são lamentáveis casos de pessoas erradas em lugares errados. E mais nada.


PODERES MÁGICOS & CELIBATO

Atualmente, existe uma multidão de exotéricos (com "x", ou seja, exotéricos de superfície, da boca para fora, ex-teriormente  ̶  amadores, que conhecem magia popular e superficial dos almanaques e Grimórios) que buscam avidamente possuir poderes que, acreditam, serem mágicos.

Mas esses "poderes" são apenas o exercício de faculdades humanas normais, naturais mas, cujo desenvolvimento depende, sem alternativas, de uma prática rígida de disciplinas cotidianas às quais, a verdade é que poucos querem submeter-se ou sequer conseguiriam manter como rotineiras em suas vidas.

Entre essas práticas está o celibato, considerada uma das mais difíceis de obedecer. Tão difícil que ocultistas como Papus (autor do Tratado Elementar da de Magia Prática) recomendam que esta prática somente seja adotada na disciplina de formação dos Iniciados depois dos 40 anos.

Papus explica que a virgindade não indispensável, mas o celibato sim, quando se trata de exercer poderes mágicos mais avançados. Entre estes, a capacidade de curar e até ressuscitar pessoas vitimadas por morte recente e cujos corpos tenham mantido funcionalidade orgânica suficiente para retornarem à vida sem seqüelas.




Papus não está sozinho, outros ocultistas confiáveis, no Ocidente, como Eliphas Levi ou mesmo, a controversa Helena Petrovna Blavatsky defendem a mesma idéia. Eis algumas das instruções de Eliphas Levi em Dogma e Ritual da Alta Magia, o livro que tornou-se obrigatório para a formação dos magos ocidentais:

As operações mágicas são o exercício de um poder natural, mas superior às forças ordinárias da Natureza. ...Para fazer milagres (ou, o natural extraordinário) é preciso estar fora das condições comuns da humanidade...

O magista deve, pois, ser impassível, sóbrio e casto, desinteressado, impenetrável e inacessível a toda espécie de preconceitos ou terror... A primeira e mais importante das obras mágicas é chegar a esta rara condição. (LEVI, 1993 - p 239, 240)

E, no Tratado Elementar de Magia Prática, Papus ensina:

Uma castidade absoluta só é exigida do experimentador durante os quarenta dias que precedem a obra mágica. (PAPUS, 1995 - p 172)


Ora, observe-se que os padres realizam  "obra mágica" TODOS OS DIAS, quando rezam a missa ministrando bênçãos, ouvindo confissões e pacificando a mente culpada pela remissão dos pecados ̶ ou seja, pela aceitação do erro e consciência do dever de corrigi-los ou compensá-los sempre que possível.

Ao fazer tais coisas, os padres estão realizando, diariamente, uma "magia" que se chamareligare, origem da palavra religião e que significa re-conectar os homens com a Inteligência Divina que os criou.

Porém, Papus reconhece a dificuldade de manter a castidade. Eis porque ser um padre exige uma vocação absolutamente determinada. Manter a castidade desde a juventude, desde a adolescência, pode ser absolutamente impossível para a maioria das pessoas especialmente nos dias atuais.

Papus refere-se à capacidade de manter-se casto como um poder da Vontade e um entendimento de si mesmo que requer longos anos de progressivo treinamento e assinala:

...É preciso toda a ignorância de um teólogo ou de um teósofo para impor, terminantemente, uma castidade absoluta aos jovens recém iniciados que ignoram tudo na vida. ...Os maiores dentre os fundadores de ordens religiosas eram, ao contrário, velhos militares ou pessoas já cansadas do mundo e de seus prazeres e só na velhice é que o indivíduo pode tomar firmes decisões a respeito [de se manter casto]... (PAPUS, 1995 - p 203)


Esse ensinamento, que desaconselha o celibato para os jovens, evidentemente, aplica-se ao Iniciados em Magia Cerimonial. Porém, não se pode proibir um jovem que deseja seguir o sacerdócio católico de ingressar em um seminário sentenciando que para ele ou ela, somente por causa da juventude, manter a castidade antes da ordenação, como padre ou freira, será impossível unicamente por causa da idade.

Nem todos os jovens sentem de forma tão irresistível quanto se pensa os apelos dos instintos sexuais e os apelos dos costumes social, culturais. Muitos conseguem renunciar ao sexo com facilidade e esses podem, efetivamente dedicar-se ao sacerdócio, antes dos 40 ou 50 anos sem que o celibato constitua problema.

Nem todos os fundadores ou sacerdotes de tempos mais recuados, como a Idade Média, por exemplo, começaram sua vida monástica em avançada idade. Francisco de Assis, o São Francisco é um exemplo bem conhecido de um jovem que, tendo conhecido a vida mundana, o sexo, as festas, a guerra, em dado momento sentiu ou recebeu o que muitos sacerdotes definem com "o chamado".

O chamado é um sentimento de vocação para a vida religiosa. Uma vocação irresistível motivada por um intenso sentimento de amor e misericórdia, solidariedade para com todos os seres humanos. Um sentimento que somente pode pode ser colocado em prática por meio do sacerdócio porque requer uma dedicação absoluta àqueles a quem Jesus chamou de "o próximo".

Além disso, se um sacerdote percebe que não consegue manter a castidade em função de alguma paixão romântica-sensual, nada impede que renuncie a seus votos, deixe a Igreja e assuma uma existência mundana, para as coisas do mundo material, carnal.

Porém, um ex-padre católico correto não pode pretender manter suas faculdades (ou poderes) extraordinários noéticos, (espirituais) depois de renunciar às práticas que são indispensáveis à manutenção de tais poderes.

Isso seria como um atleta que pretende ganhar medalhas abandonando a disciplinados treinamentos. O quê esse atleta, vai é conseguir uma contusão, o rompimento de um tendão; esse ex-padre, vai lesionar os outros além de a si mesmo.

A NECESSIDADE DA PUREZA

A pureza que se exige do sacerdote diz respeito à qualidade da energia mental que é utilizada nas atividades sacerdotais. Não se trata de uma questão primordialmente moral. Antes, é bioquímica, biofísica e metafísica.

(Imagine-se, então, que o Papa vá para sua sacada explicar essas coisas à multidão; ou escrever um bula, uma epístola esclarecendo isso. Não seria uma epístola, seria um ensaio acadêmico, um livro! Que poucos teriam capacidade de ler até o fim quanto mais entender. Não é à toa que os padres são preparados por longos anos em seminários.)

A ENERGIA SEXUAL

No Oriente, uma corrente de disciplina ioga muito reservada, a Tântrica, também trabalha com energias sexuais, que também são chamadas geradoras e re-generadoras para obter a realização de fenômenos que, em geral, são considerados sobrenaturais.

É um fato bastante conhecido que os iogues do Tantra Branco disciplinam-se para controlar a reação bioquímica chamada orgasmo de modo a reverter a energia gerada por este fenômeno para acumuladores energéticos internos, situados dentro do corpo do iogue. Alguns chamam esse processo de sublimação.

Essa energia pode ser manipulada, sendo imediatamente irradiada para a obtenção de um efeito específico ou reservada para utilização em operações chamadas mágicas mas que seriam mais apropriadamente definidas como metafísicas.

Operações que envolvem, justamente, o potencial original da energia sexual: primeiro, para gerar eventos e, ainda, para regenerar ou recuperar danos orgânicos reversíveis causados por traumas ou doenças.


A RELAÇÃO ENTRE O SEXUAL, O ASTRAL & O MENTAL

As relações sexuais são prejudiciais ao sacerdócio justamente porque corrompem a qualidade desta energia, enfraquecem-na. Isso ocorre porque a relação sexual está longe de ser um mero contato físico e de secreções.

A grosseira máxima popular segundo a qual lavou tá novo não corresponde à realidade sequer no plano superficial da saúde orgânica porque as doenças venéreas, em geral, por exemplo, não são evitadas com  água e sabão.

Nem desaparecem depois do banho a desilusão,  a lesão psicológica, tristeza, ansiedade  ̶  esta última  ̶  uma enfermidade da almacomo definiu Santo Agostinho, que afeta muitas pessoas, todos os dias, que são ignoradas pelo parceiro ou parceira 24 depois de ter a relação. Meditemos...


A intimidade sexual propicia, inevitavelmente, um intercurso de energias e, na maioria esmagadora dos eventos, este contato com outra pessoa enfraquece/ou corrompe, contamina, compromete a pureza energética, esse extraordinário poder que somente pode ser obtido por meio do controle de qualidade da energia sexual que, em um plano superior é uma energia de criação e recuperação.

(No plano inferior, carnal, a utilização da energia sexual resulta unicamente em bebês que, nos dias correntes, são freqüentemente tratados como: um evento indesejado;  objetos de negociação nos interesses dos pais, reféns, trunfos jurídicos, pelos quais um dos genitores deverá pagar um preço cujo valor é avidamente cobiçado pela parte chantagista que deseja unicamente uma fonte de renda para custear seus objetos de desejo, estorvos à liberdade individual ou mesmo, lixo! Isso é um fato lamentável. Mas está estampado em manchetes de jornais.)

A energia sexual pode ser corrompida até mesmo por pensamentos. Por isso, os praticantes da Alta Magia e também do sacerdócio Cristão da Igreja do Vaticano ou de qualquer Igreja séria, que respeite suas funções religiosas, (que consistem em servir de agente intermediário entre o humano e o divino)  ̶  todos os sacerdotes têm de  ̶  ou deveriam  ̶  observar com rigor a prática do celibato bem como o controle da própria mente.

A benção de um padre não é um gesto maquinal; não é um afago na cabeça da ovelha. As bênçãos são atos mágicos, são transmissão de energia. A benção somente é eficaz se a energia irradiada por este padre for plenamente benéfica, positiva e suficientemente forte e pura para produzir os efeitos dos quais necessitam os fiéis.

As pessoas que recebem uma benção com leviandade  ̶  sem fé (significando não acreditando ou desconsiderando)   ̶  sem nenhuma consciência, nem na esfera emocional, daquilo que a benção realmente, essas pessoas agem como se estivem jogando fora combustível, alimento ou remédio. A benção assim recebida não faz efeito.

Efeitos que, geralmente, como eventos, estão situados no patamar daquilo que as pessoas entendem como sendo milagres. Desde a cura de doenças até o alcance da paz psicológica e/ou espiritual. Eis porquê o Cristo, Jesus (nome que significa Deus Salva)  ̶  depois da realização de uma cura, sempre enfatizava: Tua fé te salvou.


DEDICAÇÃO

A dedicação que o sacerdócio exige é, portanto, absoluta. É um princípio da ética dessa atividade. Quando se fala em dedicação absoluta significa que na vida de um padre não existe lugar para preocupações mundanas inevitáveis quando se mantém um relacionamento íntimo de natureza sexual e/ou afetiva. Seja informal, casual ou formal, tal como o o casamento ou a convivência estável comum parceiro ou parceira, com ou sem a responsabilidade da criação e educação de filhos.

Eliphas Levi diz que a mulher ou homem, na vida de um Ocultista, será, mais cedo ou mais tarde, um rival da Magia.Em algum momento, esse companheiro, amante, marido ou mulher vai de cobrar uma atenção que o Mago precisa direcionar unicamente para as práticas e disciplinas das Ciências Ocultas. O mesmo se aplica à situação dos padres católicos.

Uma pesquisa recente (junho de 2012) com pastores das Igrejas Evangélicas, hoje em ascensão no Brasil e em outros países, apontadas como principais receptoras de ex-católicos que abandonam o Catolicismo em busca de um relaxamento das disciplinas pessoais, mesmo para os leigos, resultados materiais rápidos e milagres de todo o tipo, essa pesquisa, realizadas nos Estados Unidos pelos Institutos Fuller, George Barna e Pastoral Care, revelou que esses homens e mulheres que pretendem assumir o papel de sacerdotes, em altas porcentagens ... abandonam ministério por causa de dificuldades e efeitos colaterais...  Eis a reprodução de parte da reportagem publicada no site de notícias evangélico Gospel Mais:

De acordo com informações do site The Christian Post... 45,5% dos pastores afirmaram estarem deprimidos. Há relatos de ministros que viveram desgastes em suas vidas pessoais, como o pastor presbiteriano José Nilton Lima Fernandes, que chegou a duvidar de seu chamado e enfrentou um divórcio.

O pastor licenciou-se de seu cargo e após casar novamente, voltou a pastorear uma igreja, porém não descarta outra pausa em seu ministério, caso as circunstâncias o obriguem: Acho possível servir a Jesus, independentemente de ser pastor ou não, afirmou à revistaCristianismo Hoje.

As mesmas pesquisas apontaram também que 85% dos pastores entrevistados demonstraram fadiga por lidar com os problemas de terceiros, e 70% disseram sofrerem de baixa autoestima.

O diretor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo, Lourenço Stélio Rega afirmou que aproximadamente 50% dos alunos que se matriculam no curso de teologia da instituição que ele representa desistem antes do final do curso. O diretor ressalta ainda que os desistentes compreendem que a dificuldade faz parte do ministério, e assim, abandonam a carreira.

No mesmo site outras reportagens abordam o tema da dificuldade de se exercer as funções de um padre em simultâneo com as obrigações e atividades outras da vida  mundana: