Existir é fazer-se carência de ser, é lançar-se no mundo: pode-se considerar como sub-humano os que se ocupam em paralisar esse movimento original; eles têm olhos e ouvidos, mas fazem-se desde a infância cegos e surdos, sem desejo. Essa apatia demonstra um medo fundamental diante da existência, diante dos riscos e da tensão que ela implica; o sub-homem recusa essa paixão que é a sua condição de homem, o dilaceramento e o fracasso deste impulso em direção do ser que nunca alcança seu fim; mas com isso, é a existência mesma que ele recusa.
(…) A má-fé do homem sério provém de que ele é obrigado, sem cessar, a renovar a renegação dessa liberdade. Ele escolhe viver num mundo infantil, mas à criança, os valores são realmente dados. O homem sério deve mascarar esse movimento através do qual se dá os valores, tal como a mitômana, que lendo uma carta de amor, finge esquecer que essa lhe foi enviada por si mesma.
Fonte: Meucci.com.br
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