sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A História do Burzum: Parte VI - A Música

Nos últimos oito meses tenho recebido muitas cartas de pessoas interessadas em saber, entre outras coisas, quais instrumentos usei nas gravações dos álbuns do Burzum. Pessoalmente, não estou nem um pouco interessado nessas coisas e, portanto, não tenho motivação para responder a essas cartas. Para mim, isso é como um eco do passado, quando “todo mundo” na cena Death Metal underground falava sobre essas coisas. O foco nos instrumentos, marcas, estúdios de som e “produção” é, na verdade, uma das coisas contra as quais me rebelei em 1991. Mas como as pessoas que nunca obtiveram uma resposta reclamaram sobre a minha falta de vontade para responder a elas, escreverei um artigo sobre esse assunto que, espero, responderá a todas as suas perguntas.



Nas gravações de todos os álbuns do Burzum, eu usei uma velha (acho) guitarra Weston que comprei bem barato em 1987 de um conhecido meu. O baixo que usei era o mais barato que havia na loja e nem sei de que marca era. Eu nunca verifiquei e nem mesmo pensei sobre isso. No caso da bateria, eu simplesmente pegava emprestado um kit do baterista do Old Funeral (depois do Immortal), ou de outro músico que morava por perto e, “claro”, também não tenho nem idéia de que marca era.

Já no caso dos amplificadores para guitarra, todos os caras ligados ao Death Metal diziam-me que a única maneira de conseguir o som “correto” (da moda) era usando amplificadores Marshall mas, como eu não gostava daquele som, eu usava um amplificador Peavey. No "Filosofem" eu nem cheguei a usar um amplificador para guitarra; ao invés disso, usei somente o amplificador do aparelho de som de meu irmão (que, claro, não tinha sido projetado para esse uso) e alguns velhos pedais empoeirados.



Para “cantar”, eu usava qualquer microfone que o técnico de som me fornecia ou – quando gravei "Filosofem" – eu pedi o pior microfone que ele tinha e acabei usando o microfone em um headset.

Para gravar o álbum de estréia (em Janeiro de 1992), gastei somente 19 horas no total, desde o momento em que cheguei no estúdio com os instrumentos até a masterização (!). O número de horas gastas (em 1992) no "Det Som Engang Var" (DSEV) foi um pouco maior, 26, porque não havia ninguém para me ajudar a transportar os instrumentos e coisas desse tipo e, portanto, tive que carregar e preparar tudo sozinho. A gravação de "Hvis Lyset Tar Oss" (HLTO) aconteceu em Setembro de 1992 e levou algo entre 20 e 30 horas (não me lembro), mas isso incluiu gravar duas músicas que nunca foram incluídas no álbum (uma versão muito ruim da faixa "Burzum" ["Dunkelheit"] e uma outra que nunca usei). "Filosofem" foi gravado (em Março de 1993) em apenas 17 horas, mas isso se deveu principalmente ao fato de eu ter usado um kit de bateria que já estava lá – no estúdio, e que tinha sido usado por alguma banda de jazz ou rock no dia anterior – então isso me poupou muito tempo. Além disso, naquele momento eu já havia passado pelo processo de gravação de um álbum algumas vezes, então toda a parte técnica já havia se tornado rotina.



A razão para eu ter usado o estúdio Grieghallen era que tínhamos usado aquele estúdio quando gravamos um EP com o Old Funeral, acho que em 1990, então eu conhecia o técnico de som (um cara bastante positivo, habilidoso e gente fina que morava em Bergen), e ficava localizado a apenas 1,5 km de meu apartamento em Bergen. Se eu morasse em outra cidade eu, obviamente, usaria outro estúdio.




Quando gravei o álbum de estréia, tanto Øystein Aarseth ("Euronymous", do Mayhem) quanto Harald Nævdal ("Demonaz", do Immortal) estavam presentes na maior parte do tempo e eles me ajudaram a carregar os instrumentos – e, por gozação, deixei que Aarseth tocasse um solo de guitarra na faixa "War". Ele também (além de mim) “bateu com os punhos” em um grande gongo no Grieghallen para fazer algum som. Isso foi usado como som ambiente na faixa "Dungeons Of Darkness" e na intro do DSEV.

Quando gravei os outros álbuns, eu normalmente estava sozinho com o técnico de som. Porém, Samoth (Thomas Haugen, do Emperor) estava presente quando gravei duas das faixas do mini-LP "Aske" e partes do HLTO. Ele tocou baixo em duas faixas do "Aske" e estava presente quando gravei as partes de bateria do "Aske" e do HLTO. Ele tocou baixo em "Aske" porque, por um curto período em 1992, eu cogitei a idéia de tocar ao vivo e, portanto, ensaiei uma ou duas vezes como banda (um cara chamado Erik Lancelot, dos arredores de Oslo, deveria tocar bateria). Mas eu rapidamente acordei da “psicose de tocar ao vivo” e, felizmente, mudei de idéia e continuei como antes, como uma banda-de-um-homem-só que não precisava de músicos de estúdio.



Com exceção de uma música no HLTO e outra no "Filosofem" eu gravei tudo na primeira tentativa. O problema com a música do HLTO era técnico e eu tive que gravar a bateria da faixa título duas vezes e, na faixa "Jesu Død" do "Filosofem" eu tive que gravar uma linha de baixo novamente porque eu estava cansado depois de ter gravado as duas faixas de guitarra (meus “dedos de burguês” não estavam acostumados a todo aquele trabalho...).

Os erros cometidos em algumas das faixas durante as gravações poderiam ter sido evitados facilmente se eu tivesse me preocupado em regravar certas partes, mas naquele momento o que eu queria era me rebelar contra a música (Death) Metal polida e convencional. A principal motivação da rebeldia musical era não fazer álbuns “perfeitos”, não fazer música com “esta ou aquela” marca de instrumentos, era não ir a um determinado estúdio para conseguir “esse ou aquele som” e também era não soar como outras bandas. Alguns poucos erros tornam a música mais viva e pessoal, o que simplesmente dá à música “alma” e originalidade, então nunca me preocupei em corrigir coisa alguma. A música nos álbuns do Burzum é simplesmente uma honesta, sincera, simples e clara representação da minha pessoa. Certamente não sou perfeito ou livre de erros, e nem minha música.

Havia uma ideologia por trás disso; era a aceitação da honestidade e a apreciação do que era puro e natural. Se o som não é definido como bom por algum músico de queixo empinado (frustrado) que trabalha para alguma revista de música, isso não significa coisa alguma para mim. O natural é sempre o melhor, seja quando estamos falando de música ou de qualquer outra coisa. A música natural e de melhor qualidade é (da forma como vejo) música com “alma” e não música que foi trabalhada por meses em um estúdio para remover até mesmo os menores erros (peculiaridades).

Mesmo em 1990 a maior parte das bandas de Death Metal seguiu a corrente, foi incorporada na indústria da música comercial e perdeu toda a sua “alma”. As assim chamadas bandas de Black Metal logo em seguida seguiram essa tendência e, (até onde eu sei) com exceção de Fenris do Darkthrone, todas elas se venderam e deixaram de honrar as idéias originais do Black Metal. As bandas mais jovens da Noruega, que surgiram em 1993 ou depois, em razão da cobertura da mídia sobre nosso mundinho, nunca souberam coisa alguma sobre essas idéias então, ironicamente, elas nunca se venderam realmente. Entretanto, chega a ser um pouco idiota o fato de fazerem essas coisas e terem uma certa aparência sem nem saberem por quê. Elas apenas se juntaram a um bando e nunca souberam de onde esse bando surgiu ou onde esse bando esteve antes de se juntarem a ele. Em resumo, podemos dizer que as tão faladas bandas de Black Metal também se comercializaram.

Neste ponto devo lembrar a Você daquilo que escrevi no começo deste artigo; pessoas me perguntavam coisas, como quais instrumentos eu usei nas gravações dos álbuns do Burzum. Tais perguntas são tão irrelevantes e desinteressantes para mim quanto perguntas sobre que marca de calça ou de cueca eu usei quando gravei os álbuns. Será que realmente importa saber que instrumentos eu usei? Eu não acho, e penso que é importante não se preocupar com essas coisas. Eu usei a minha guitarra e, se eu tivesse outra guitarra, teria usado essa outra. É simples assim. Eu usei o que estava à mão e minha principal prioridade era fazer música honesta e original – e eu poderia ter conseguido isso com qualquer tipo de instrumentos, não importando sua idade, preço e marca. É simples assim.

Eu gostaria de agradecer a Você pelo seu interesse no Burzum e pela sua atenção mas, por favor, não espere que eu dê prioridade a cartas com perguntas sobre instrumentos, detalhes técnicos ou outras coisas pelas quais não tenho interesse algum. Se Você acha essas coisas interessantes, para mim tudo bem, mas não espere que eu tenha os mesmos interesses que Você.

Varg "????" [N.: “O Lobo”] Vikernes
(Julho de 2005)

Aurum nostrum non est aurum vulgi!
(O nosso ouro não é como o ouro do homem comum)

Fonte: A História do Burzum http://whiplash.net/materias/biografias/085954-burzum.html#%3Ch3%3EParte%20VI%20-%20A%20M%C3%BAsica%3C/h3%3E%20#ixzz2DlTdARbO

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A História do Burzum: Parte V - Satanismo

Quando pessoas na Noruega ouvem meu nome, normalmente pensam em satanismo e incêndios de igrejas. A imprensa teve bastante sucesso ao fazer o que os judeus e cristãos têm feito rotineiramente desde o início da Idade Média e convenceram todos de que o dissidente perseguido em questão (neste caso eu) é um louco e perigoso adorador do diabo.


Eu poderia argumentar que nunca fui um adorador do diabo, mas penso que é melhor simplesmente provar que a adoração do diabo é produto da imaginação dos judeus e cristãos. Quando você sabe que nunca houve qualquer forma de adoração do diabo na Europa, então você também deve entender que nunca houve adoradores do diabo. Quando você sabe disso, fica claro que também não há a possibilidade de eu ser um adorador do diabo.

Uma escritora inglesa, Margareth Murray, publicou um livro em 1921 chamado "The Witch-Cult In Western Europe" [N.: “O Culto das Bruxas na Europa Ocidental”]. Ela afirmou que a adoração do diabo na verdade não era, de forma alguma, adoração do diabo, mas um culto pagão e, embora criticado, seu livro tem sido usado por bruxas fajutas (especialmente no Reino Unido) numa tentativa feminista de reviver o culto das bruxas. Mesmo que seu livro seja inútil como fonte, em um ponto ela tem razão. Os adoradores do diabo eram na verdade pagãos praticando sua antiga religião. O conceito de “adoração do diabo” como o conhecemos foi criado pelos cristãos na Idade Média, principalmente por pessoas como os autores do livro "Malleus Maleficarum" ("O Martelo das Bruxas"), Jakob Sprengler e Heinrich Kramer, sendo ambos padres católicos e um deles sendo um judeu messiânico.

Da mesma forma que não sabemos exatamente o que significa “pagão”, ninguém sabe exatamente por que eles chamaram essas pessoas em particular de “bruxas” – ou Hexen (alemão) ou hekser (norueguês). Mas o que sabemos é que esse também é um termo judaico-cristão e que nunca foi usado pelos pagãos. O Sabbath é um dia santo judaico e não tem relação alguma com nossa cultura européia.

Esse é o problema aqui: tudo o que as pessoas sabem sobre esse culto é o que os desprezíveis judeus e cristãos nos contaram. Eles demonizaram tanto esse culto que pensamos no tão falado "Black Sabbath" como alguma cena maluca ou nojenta, com as “bruxas malignas” indo para Blokkbeg ou alguma outra montanha para adorar Satã. De acordo com os judeus e cristãos, elas faziam isso na sexta-feira 13 para zombar de Jesus Cristo, porque havia 13 pessoas presentes na Última Ceia; o próprio Satã era um demônio, com chifres na testa, que mancava porque tinha pés de cabra ou cavalo; “bruxas” eram acusadas de sacrificar crianças pro demônio e fazer sexo com ele. Por causa disso, os cristãos enforcaram e queimaram as “bruxas”, ou as executaram de outras maneiras e, até o século XVIII, assassinaram centenas de milhares de “bruxas” e outras pessoas de quem não gostavam na Europa.

Ao invés de expressar o que penso sobre tudo isso, direi a Você o que esse culto e, em particular, o mistério da Sexta-Feira 13, realmente significavam. Isso poderá surpreender muita gente, mas sabemos perfeitamente bem o que esses rituais significavam, por que eram praticados e até mesmo quem os praticava. Naturalmente, eu não posso descrever todos os mistérios de uma antiga religião em um artigo como este, mas espero poder dar a Você uma breve e abrangente explicação sobre o mais demonizado de todos os mistérios, o conhecido "Black Sabbath", que originalmente era um festival da fertilidade, celebrado na Sexta-Feira 13 de cada mês do calendário antigo (que consistia do Dia do Ano Novo e de 13 meses, cada um formado exatamente por 4 semanas).


As quatro fases da vida são: reencarnação, nascimento, vida e morte; noite, manhã, dia e entardecer; inverno, primavera, verão e outono, et cetera. As semanas em cada mês também são divididas em quatro fases: a primeira semana é a da reencarnação, a segunda é a do nascimento, a terceira é a da vida e a quarta é a da morte. Cada dia da semana também tem um significado especial: domingo é o dia das divindades solares, segunda-feira é o dia das divindades lunares, terça-feira é o dia das divindades celestes, quarta-feira é o dia das divindades da magia, quinta-feira é o dia das divindades da agricultura, sexta-feira é o dia das divindades do amor e da fertilidade, e o sábado é o dia das divindades da reflexão (isto é, o dia no qual as pessoas analisavam os eventos da semana, antes que a semana seguinte começasse). A primeira sexta-feira de cada mês no calendário antigo é sempre dia 6, a segunda é sempre dia 13, a terceira é sempre dia 20 e a quarta é sempre dia 27. Portanto a segunda sexta-feira de cada mês, Sexta-Feira 13, é um dia especial dedicado ao amor, à fertilidade e ao nascimento. Em outras palavras, é o dia mais importante do ano em relação à fertilidade humana. É isso o que as “bruxas” celebravam nesse dia e isso, naturalmente, não possui relação alguma com Jesus ou com o número de pessoas presentes na última ceia. A crença judaico-cristã e seus símbolos não possuem relação alguma com essa antiga celebração!

O dia santo conhecido como Walpurgisnacht (alemão), Valborgsnatt (norueguês), Beltane (gaélico), et cetera, é a Sexta-Feira 13 do sétimo mês do ano, quando o inverno (e seus seis meses) se encontra e se casa com o verão (e seus seis meses) no meio do antigo calendário de 13 meses, isto é, no sétimo mês. De acordo com os cristãos, essa é a noite na qual as “bruxas” vão às montanhas para copular com “Satã”. Essa noite é, portanto, chamada de “a noite das bruxas” mas era, originalmente, o dia tradicional para casamentos na era Pagã. Esse era o dia no qual pessoas se casavam na Terra, da mesma maneira em que os deuses (como Njörðr) e as deusas (como Skaði) se casavam no Céu e nós, portanto, chamamos essa noite de Lua de Mel – a noite na qual os deuses se uniam às deusas no céu. (Nota: Mel é um símbolo dos æsir e ásynjur [respectivamente, os nomes escandinavos dos deuses e das deusas].) Além disso, a maior parte das pessoas sabe que é perfeitamente normal que pessoas casadas copulem na noite em que se casam, então não há nenhum problema nisso.


Dizem que as freiras católicas casam-se com sua divindade e essa prática tem suas origens nos cultos Pagãos, nos quais as sacerdotisas Pagãs casavam-se com sua divindade. A grande diferença era que a divindade Pagã era representada na Terra por um sacerdote Pagão. As sacerdotisas pagãs podiam, em outras palavras, dar à luz crianças e ser realmente úteis aos seus semelhantes e à sua comunidade, diferentemente das freiras Católicas, que rejeitam a vida quando se recusam a ter filhos. Para se tornar um sacerdote Pagão, a pessoa precisava ser escolhida pelas sacerdotisas (que na Escandinávia eram freqüentemente chamadas de valkyries ["as que definem os escolhidos"]) para ser seu sacerdote Freyr e, para isso, elas organizavam diferentes tipos de competições para escolher o homem mais bem preparado para essa tarefa. Os mais conhecidos desses eventos são, obviamente, os Jogos Olímpicos da Grécia, que eram originalmente um “mercado de carne” para virgens (mulheres solteiras), que exigiam que os homens competissem entre si despidos (nus) para que elas pudessem ver todas as qualidades físicas deles antes de decidir com quem iriam casar. Não havia sentido na participação de mulheres nesses jogos, pois serviam principalmente para que as mulheres encontrassem o melhor homem, ou o homem de quem mais gostaram. Os jogos eram organizados a cada quatro anos, duas vezes para cada pentagrama perfeito (o símbolo do amor) formado no céu pelo planeta (que conhecemos como) Vênus (que na antiga Escandinávia era conhecido como Freyja). Outras competições semelhantes eram organizadas por toda a Europa e sua finalidade era a mesma: separar os fracos dos fortes.


Os vencedores das várias competições eram considerados os melhores homens e recebiam, dos vários grupos de mulheres ("conciliábulos" ou “assembléias de bruxas”), a função de sacerdotes Freyr. Devido a isso, nós aqui na Noruega ainda chamamos os casamentos de bryllup, que deriva do Norueguês antigo bruðhlaup, que se traduz como "corrida das noivas" – e devo acrescentar que "bride" [N.: em inglês, “noiva”] é, na Noruega, também o título do noivo (isto é, "bride-groom" [N.: em inglês, “noivo”] ["bride" significa "o(a) prometido(a)", "groom" significa "homem"]). Mas ele também precisava ser um sacerdote Freyr, e tinha que passar por vários rituais de iniciação, que não discutirei aqui, para provar também sua força espiritual (porque possuir força física não era motivo suficiente para ser escolhido pelas sacerdotisas). Ele também tinha que participar da batalha espiritual que conhecemos como Ragnarök, que acontecia a cada ano no 7º dos 13 dias do Yule – quando as forças de Hel encontram as forças de Ásgarðr (Paraíso) no campo de batalha (e, por isso, ainda celebramos esse dia, atualmente com fogos de artifício, como se fosse uma guerra simbólica, durante o que seria a Véspera de Ano Novo no calendário Juliano [N.: Usamos atualmente o calendário Gregoriano]).


Nessa batalha, os iniciados tinham que, assim como o deus Víðarr, matar o lobo Fenrir e, como sabemos, isso era feito colocando-se um pé na mandíbula inferior do lobo, agarrando-se a mandíbula superior e arrebentando a boca do lobo. Víðarr tinha um sapato especial para isso, a fim de proteger seu pé dos dentes e do fogo da boca de Fenrir. Então quando os sacerdotes faziam isso – todos os anos – eles, naturalmente, machucavam seus pés e freqüentemente começavam a mancar ou mancavam porque usavam esse sapato especial. Em outras palavras, o sacerdote Freyr que fazia sexo com a sacerdotisa Freyja na Sexta-Feira 13 não tinha pé de cabra, cavalo ou coisa parecida: ele era simplesmente um sacerdote Freyr manco ou que usava um sapato especial em um dos pés, fazendo com que mancasse!

As sacerdotisas Freyja não se casavam simplesmente com um homem mas, como eu disse, casavam-se com um homem que representava o deus Freyr. Sabemos perfeitamente bem que os Pagãos gregos representavam e personificavam seus deuses colocando máscaras, nas várias peças de teatro e mistérios, mas isso também era feito no resto da Europa. Quando eles colocavam uma máscara que representava uma divindade, eles transformavam-se e tornavam-se tal divindade. Conhecemos Freyr de fontes Gaélicas como Cernunnos, chamado de "deus com chifres", e entalhes em pedras na Escandinávia retratavam essa divindade como um homem com chifres de cervo. Ao contrário da crença popular, os guerreiros escandinavos (como os vikings) nunca usavam capacetes com chifres, mas os sacerdotes Freyr usavam, ou usavam máscaras com chifres e, portanto, o “Satã” que fazia sexo com as sacerdotisas Freyja na Sexta-Feira 13 é descrito pelos judeus e cristãos como um “demônio com chifres”.

As sacerdotisas Freyja também representavam uma divindade e, portanto, tinham títulos especiais. Uma sacerdotisa chamada (por exemplo) Helga receberia o nome (em alemão) de Frau Helga ou (em norueguês) Fru Helga, porque Frau/Fru (isto é, "Sra", "madame") é uma abreviação do nome Freyja (Fraujo em língua germânica antiga). Quando se casava com (um sacerdote) Freyr ela já não era mais apenas Helga, mas sim Freyja-Helga, e passava a representar a deusa Freyja na Terra. Hoje em dia Frau/Fru significa simplesmente “esposa” ou “mulher casada”, mas o uso bastante disseminado desses títulos dá testemunho da abrangência desse culto Pagão no passado.

O fato de que as “bruxas” beijavam a masculinidade do sacerdote Freyr, nesse mistério que estou discutindo, é explicado pela necessidade de mostrar submissão perante seu deus – assim como os católicos hoje em dia beijam o anel do papa quando se aproximam dele (pela mesma razão). A acusação feita pelos judeus e cristãos de que havia sacrifícios de crianças é explicada pelo fato de que as sacerdotisas Freyja queriam somente crianças saudáveis e, portanto, eliminavam as crianças com sérias deficiências colocando-as na floresta para serem comidas por lobos, ou algo semelhante. Elas basicamente faziam o que a maioria das mulheres grávidas faz hoje em dia quando – se elas descobrem que há algo de errado com sua criança ainda não nascida – (normalmente) fazem um aborto. Para um Pagão, e para todos os outros seres humanos de mente sã e corpo são, qualidade é o que realmente importa.

Portanto, as assembléias de “bruxas” fazendo sexo com “Satã” eram cultos de amor e fertilidade. Tratava-se de um culto elitista, porque somente os melhores homens eram aceitos como sacerdotes e, portanto, o melhor sangue das várias tribos era cultivado, diferentemente do que se faz hoje em dia. Esses cultos raramente eram grandes e havia, naturalmente, muitos desses sacerdotes Freyr por toda a Escandinávia e também pelo resto da Europa. Eles eram provavelmente conhecidos como (sacerdotes) Cernunnos em áreas nas quais se falava gaélico, Veles nas áreas eslavas, Potrimpos nas áreas dos países bálticos, como Dionysus nas áreas gregas, como Bacchus nas áreas romanas, et cetera.

Embora esses cultos pagãos aparentemente tenham deixado de existir no sul da Europa desde a Antiguidade, eles sobreviveram no norte da Europa até o século XVIII, e mesmo até o século XIX, e é por esse motivo que pessoas como eu1 sabem tanto a esse respeito. Nós não somos enganados pelas mentiras dos judeus e cristãos porque sabemos a verdade!

Portanto, aquilo que os judeus e cristãos chamam de “Satanismo” ou “adoração do diabo” é, na realidade, nossa própria religião Européia! Meu interesse no assunto deve ser analisado sob essa óptica. Além disso, meu desejo adolescente de usar brevemente o termo “Satanista” para descrever a mim mesmo também deve ser visto sob essa óptica. Mas eu nunca fui um “Satanista”, da mesma forma que nossos antepassados também nunca foram “Satanistas”. Eu sou e sempre fui um Pagão. “Satanismo” ou “adoração do diabo”, da maneira como os judeus e cristãos descreveram, simplesmente nunca existiu. A crença na existência do “Satanismo” ou “adoração do diabo” é apenas ignorância e também um resultado da campanha de mentiras. As “bruxas” foram assassinadas pela igreja não porque elas adoravam “Satã” ou qualquer outra divindade ficcional de origem hebraica, mas porque elas continuaram praticando nossa religião Européia, contra a vontade dos judeus e cristãos. A única razão pela qual eles pararam de assassinar esses nobres homens e mulheres é o fato de que eles ficaram sem pessoas para queimar, ou falharam em encontrar outras. Isso também explica por que tantas “bruxas” foram assassinadas no norte da Europa e na Alemanha, em comparação ao número de pessoas assassinadas no sul da Europa. O sul da Europa foi, em termos gerais, cristianizado quinhentos ou até mesmo mil anos antes que o norte da Europa e a Alemanha o fossem e, naturalmente, havia muito mais Pagãos nas partes da Europa que foram cristianizadas depois. Mais mulheres do que homens foram assassinados simplesmente porque havia mais sacerdotisas do que sacerdotes. Cada assembléia tinha apenas um homem mas, frequentemente, várias mulheres – desde algumas até dezesseis.

Não sei muita coisa sobre a perseguição aos Pagãos na Europa, mas sei que, da mesma forma que no norte europeu, o Paganismo permaneceu forte no leste europeu por muito tempo, e os últimos grupos de poetas (que consistiam frequentemente de pessoas “aleijadas” [como homens que mancam...]) não pararam de espalhar sua cultura na Rússia até a revolução Bolchevique de 1917. Eles viajavam, muitas vezes como mendigos, contando histórias para as pessoas, fazendo profecias ou cantando em troca de comida e abrigo. Muitas das tradicionais músicas festivas ainda usadas na Rússia são essas músicas (!).

Na Noruega, a música de uma poetisa foi registrada no século XVII ou XVIII. Uma senhora que viajava pela região de Telemark chegou a uma fazenda e se ofereceu para cantar uma música em troca de comida e abrigo, como era de costume. Ela cantou os 52 versos de uma canção chamada Draumkvædet ("a canção dos sonhos"). A canção descrevia em detalhes como um iniciado, Olav Åsteson (Olav, "o filho do amor"), viajou pelo mundo espiritual nos 13 dias de Yule e encontrou as divindades no Paraíso. A canção é um pouco cristianizada, algo que os bardos precisavam fazer na era judaico-cristã a fim de não serem perseguidos ou mesmo assassinados pela igreja, mas ainda é bem interessante e expressiva. A velha mulher foi uma das últimas trovadoras conhecidas da Noruega.

O Paganismo não está morto e, portanto, nem mesmo precisamos reconstruí-lo. Ele nunca morreu de verdade. Ele sobreviveu no submundo, na Noruega e em outras partes de Europa. Da mesma forma que o Sol nasce no leste a cada manhã, o Paganismo nascerá novamente. A luz Européia inevitavelmente banirá a escuridão asiática que conhecemos como Judaico-Cristandade, e os puros entre nós encontrarão as runas (isto é, os segredos) de Óðinn – mas somente se eles escolherem caminhar por entre os velhos caminhos de nossos antepassados.

Notas:

1 Como curiosidade, devo acrescentar que o sobrenome de minha tetravó era Quisling (ás vezes grafado como Qisling ou Qvisling), que deriva do norueguês antigo Kvíslingr e traduz-se como "ramo de Ingr". Ingr (proto-norueguês InguR, germânico Inguz) é uma forma do nome de Freyr (e tanto "Freyr" e "Ingr" são traduzidos como "amor", mas também significam "senhor" e "chefe"). Naturalmente, eu não descendo do deus Freyr, mas de um sacerdote que personificava o deus Freyr. (A propósito, o nome completo de minha tetravó era Susanne Malene Qisling. Ela era da região de Telemark na Noruega, nasceu em 1811 e morreu em 1882).

Varg Vikernes
"Picketed and Pilloried"
(June 2005)

A verse from Draumkvædet:

Bikkja bit, og ormen sting,
og stuten stend og stangar –
de slepp ingjen ivi Gjallarbrui
som feller domane vrange.
For månen skin'e,
og vegjine falle so vie.

(The dog [Garmr] bites, and the worm [Jörmungandr] stings,
and the ox [Himinbrjótr] gores –
they don't let anybody who convicts wrongly
across the Gjallarbru [the bridge that leads to Hel].
Because the Moon shines
and the roads [to Hel] are so wide.)

(O cão [Garmr] morde, e o verme [Jörmungandr] pica,
E o boi [Himinbrjótr] perfura com seu chifre –
Eles não deixam passar alguém que tenha condenado injustamente
pela Gjallarbru [a ponte que leva a Hel].
Porque a Lua brilha
E as estradas [que levam a Hel] são muito largas).

PS. Quem souber norueguês (ou melhor, o rústico dialeto de Telemark') pode conseguir uma cópia da Draumkvædet em qualquer biblioteca decente e acho que valeria a pena para os falantes de russo que tiverem interesse no assunto ler livros como "Istoritjeskie korni velsjebnoj skazki" (???????????? ????? ????????? ??????), de Vladimir Propp, publicado em Leningrado em 1946 ou talvez até mesmo "Poétika sjuzjeta i zjanra: period antitsjnoj literatury" (??????? ?????? ? ?????: ?????? ???????? ??????????), de Olga Frejdenberg, publicado em Leningrado em 1936. Eu não li esses livros, então não tenho certeza se são realmente bons, mas podem ser. Os que falam alemão podem achar tais informações em "Die Geburt Der Tragödie Aus Dem Geiste Der Musik" (1872), de F. W. Nietzsche. E os que sabem inglês podem talvez ler "The Golden Bough" [“O Ramo de Ouro”], de James Frazer. Não espere encontrar algum conhecimento pagão secreto, mas não fique surpreso se Você encontrar algo interessante nesses livros. Se Você estiver apenas interessado em antigas religiões e cultura pagã, recomendo que leia meu próprio livro, "The Mysteries And Mythology Of Ancient Scandinavia" [“Os Mistérios e a Mitologia da Antiga Escandinávia”], quando (se?) for publicado.


Fonte: A História do Burzum http://whiplash.net/materias/biografias/085954-burzum.html#%3Ch3%3EParte%20V%20-%20Satanismo%3C/h3%3E%20#ixzz2DbiCqSrj
As quatro fases da vida são: reencarnação, nascimento, vida e morte; noite, manhã, dia e entardecer; inverno, primavera, verão e outono, et cetera. As semanas em cada mês também são divididas em quatro fases: a primeira semana é a da reencarnação, a segunda é a do nascimento, a terceira é a da vida e a quarta é a da morte. Cada dia da semana também tem um significado especial: domingo é o dia das divindades solares, segunda-feira é o dia das divindades lunares, terça-feira é o dia das divindades celestes, quarta-feira é o dia das divindades da magia, quinta-feira é o dia das divindades da agricultura, sexta-feira é o dia das divindades do amor e da fertilidade, e o sábado é o dia das divindades da reflexão (isto é, o dia no qual as pessoas analisavam os eventos da semana, antes que a semana seguinte começasse). A primeira sexta-feira de cada mês no calendário antigo é sempre dia 6, a segunda é sempre dia 13, a terceira é sempre dia 20 e a quarta é sempre dia 27. Portanto a segunda sexta-feira de cada mês, Sexta-Feira 13, é um dia especial dedicado ao amor, à fertilidade e ao nascimento. Em outras palavras, é o dia mais importante do ano em relação à fertilidade humana. É isso o que as “bruxas” celebravam nesse dia e isso, naturalmente, não possui relação alguma com Jesus ou com o número de pessoas presentes na última ceia. A crença judaico-cristã e seus símbolos não possuem relação alguma com essa antiga celebração!O dia santo conhecido como Walpurgisnacht (alemão), Valborgsnatt (norueguês), Beltane (gaélico), et cetera, é a Sexta-Feira 13 do sétimo mês do ano, quando o inverno (e seus seis meses) se encontra e se casa com o verão (e seus seis meses) no meio do antigo calendário de 13 meses, isto é, no sétimo mês. De acordo com os cristãos, essa é a noite na qual as “bruxas” vão às montanhas para copular com “Satã”. Essa noite é, portanto, chamada de “a noite das bruxas” mas era, originalmente, o dia tradicional para casamentos na era Pagã. Esse era o dia no qual pessoas se casavam na Terra, da mesma maneira em que os deuses (como Njörðr) e as deusas (como Skaði) se casavam no Céu e nós, portanto, chamamos essa noite de Lua de Mel – a noite na qual os deuses se uniam às deusas no céu. (Nota: Mel é um símbolo dos æsir e ásynjur [respectivamente, os nomes escandinavos dos deuses e das deusas].) Além disso, a maior parte das pessoas sabe que é perfeitamente normal que pessoas casadas copulem na noite em que se casam, então não há nenhum problema nisso.


Fonte: A História do Burzum http://whiplash.net/materias/biografias/085954-burzum.html#%3Ch3%3EParte%20V%20-%20Satanismo%3C/h3%3E%20#ixzz2Dbh93KOl
Quando pessoas na Noruega ouvem meu nome, normalmente pensam em satanismo e incêndios de igrejas. A imprensa teve bastante sucesso ao fazer o que os judeus e cristãos têm feito rotineiramente desde o início da Idade Média e convenceram todos de que o dissidente perseguido em questão (neste caso eu) é um louco e perigoso adorador do diabo.

Fonte: A História do Burzum http://whiplash.net/materias/biografias/085954-burzum.html#%3Ch3%3EParte%20V%20-%20Satanismo%3C/h3%3E%20#ixzz2DbgJsPEa

sábado, 24 de novembro de 2012

A História do Burzum: Parte IV - O Burzum na Noruega

Freqüentemente tenho encontrado fãs de Black Metal, ou recebido cartas de fãs de Black Metal na Noruega, reclamando para mim sobre o fato de que eles não conseguem encontrar álbuns do Burzum em nenhuma loja de discos da Noruega. A explicação para isso é que o Burzum não é distribuído na Noruega, e tem sido assim desde 1993, porque ninguém na indústria fonográfica da Noruega quer distribuir ou vender álbuns do Burzum, muitas vezes por medo de também serem perseguidos por extremistas de esquerda se assim o fizessem ou, como acontece com mais freqüência, porque eles próprios são extremistas de esquerda (ou são judeus/ cristãos). Então, para poderem comprar álbuns do Burzum, os noruegueses precisam importá-los ou ir até outro país e comprar os álbuns nas lojas de lá. Ou seja, muito estranhamente, os álbuns da banda norueguesa Burzum não estão facilmente disponíveis para fãs de Black Metal na Noruega.


Há mais ou menos um ano foi lançado na Noruega um programa semanal dedicado ao metal na TV, no qual as pessoas podem votar em vários vídeos a serem exibidos e, sempre que podem, entram em um chat, através de SMS. Na época eu estava trancado 24 horas por dia na cela, mas todo dia eu precisava sair por um minuto ou dois para pegar o jantar e pão para o resto do dia e, ao fazer isso, eu passava por outros prisioneiros no corredor. E todo dia eu passava em frente de um cara chamado René, de Bergen, que costumava assistir a esse programa de metal e, em uma de nossas conversas diárias de 10 segundos, ele me disse que sempre havia uma discussão sobre o Burzum no chat board, então eu decidi ver um dos programas. O que estava acontecendo é que muitos fãs de metal queriam que eles tocassem Burzum, mas a apresentadora do chat alegou que "Não há vídeo do Burzum" e, quando os fãs mencionaram a ela o vídeo "Burzum" (Título em alemão: "Dunkelheit". Título em inglês: "Darkness" [N.: “Escuridão”]. Título original: "Burzum") ela disse a eles algo do tipo “Nós fingimos que ele não existe” ou “Nós intencionalmente esquecemos esse aí”. Então até mesmo um programa dedicado a tocar metal boicotava o Burzum, exatamente como os programas de rádio na Noruega têm feito pelos últimos doze anos. A razão pela qual eles me boicotam na Tv e no rádio é, aparentemente, o fato de eu ter opiniões políticas “erradas”.


Recentemente foi exibida uma série na TV norueguesa sobre a história do rock na Noruega, e um dos programas foi dedicado a gêneros especiais do rock, incluindo Black Metal. Eles entrevistaram Sigurd Wongraven do Satyricon, Jørn Stubberud do Mayhem e, muito brevemente, Fenris do Darkthrone. Além dessas, eles também mencionaram brevemente o Dimmu Borgir mas, por alguma razão obscura, não disseram uma única palavra sobre o Immortal e o Burzum. Aparentemente Burzum e Immortal não tiveram participação alguma na cena Black Metal, nem mesmo nos primórdios. Mais uma vez o Burzum deixou de existir, dessa vez em um documentário sobre as “primeiras” bandas de Black Metal na Noruega.

Assim é o Burzum na Noruega: oficialmente ele não existe e nunca existiu e, caso realmente tenha existido, certamente não teve papel relevante em contexto algum. Burzum foi apagado da história do metal na Noruega, pelos extremistas de esquerda que controlam a mídia norueguesa. Mas, de certa forma, isso é fascinante, já que estamos realmente testemunhando o processo de falsificação da história.


Eu tenho consciência de que sou persona non grata há muito tempo, mas não sabia que a situação era tão ruim assim. Eu não imaginava que precisaria gastar meu tempo convencendo as pessoas de que ainda estou vivo ou que testemunharia a mídia na Noruega fingir que o Burzum não existe e que nunca existiu, ou que os fãs do Burzum teriam que enfrentar obstáculos como aqueles descritos acima.

Eles estão, obviamente, tentando remover a memória do Burzum e de mim e somente o tempo dirá se terão sucesso ou não. Meu conselho a eles seria esperar pelo menos até que eu morra e não possa mais me defender... Ainda estou aqui, e Vocês sabem disso! Vocês não deveriam tentar remover a cicatriz até que a ferida esteja curada, e a Sua ferida ainda está sangrando!



Varg "Fenrir" Vikernes [N.: Na mitologia nórdica, Fenrir é um lobo gigantesco que também é filho de Loki, deus do mal. Durante o Ragnarök, o apocalipse da mitologia nórdica, Fenrir cresce tanto que consegue escapar do controle dos deuses e mata Odin, o deus dos deuses, para em seguida ser morto por Vidar, filho de Odin].

(Dezembro de 2004)

“História é a fábula defendida pelo vitorioso” (Napoleão)


Fonte: A História do Burzum http://whiplash.net/materias/biografias/085954-burzum.html#%3Ch3%3EParte%20IV%20-%20O%20Burzum%20na%20Noruega%3C/h3%3E%20#ixzz2DC0gCJ7z

A História do Burzum: Parte III - A campanha de mentiras

É muito difícil, para mim, escrever sobre biografias, artigos e entrevistas a respeito do Burzum, porque há muita coisa a ser dita. Há basicamente duas categorias: aquelas escritas por pessoas pró-Burzum e aquelas escritas por pessoas anti-Burzum. Nunca vi qualquer biografia, matéria ou entrevista escrita de forma objetiva, embora a maior parte das biografias, dos autores e dos entrevistadores anti-Burzum tendam a se retratar como se fossem muito objetivos, enquanto as biografias pró-Burzum nunca tentam esconder o fato de que são pró-Burzum.


É um tanto estranho ver que alguns jornalistas e escritores pedem informações sobre mim para o pessoal da Antifa (um tipo de organização terrorista "anti-fascista"), do Monitor (um serviço particular de inteligência dedicado a monitorar toda a atividade e os dissidentes de direita na Noruega) ou do Antirasistisk Senter (Centro Anti-Racista). Eles poderiam simplesmente me pedir informações sobre mim ou minhas idéias mas, ao invés disso, eles procuram essas pessoas e ainda fingem estar escrevendo artigos “objetivos” e “confiáveis” sobre a minha pessoa. É como pedir à Gestapo [N.: polícia secreta da Alemanha nazista] informações sobre dissidentes na Alemanha de Hitler e esperar conseguir algo imparcial e objetivo.

O que mais me surpreende, porém, são todas as entrevistas forjadas que estão por aí. Ao invés de me entrevistar de verdade, algumas pessoas simplesmente fingiram ter me entrevistado e publicaram essas coisas, inventando respostas para suas próprias perguntas. A mais conhecida das entrevistas falsas é provavelmente aquela incluída no livro "Lucifer Rising" mas, infelizmente, não é a única.


Outro tipo bastante peculiar de “entrevistas” são aquelas baseadas em uma entrevista real mas que, fora isso, são pura bobagem. Uma dessas é (parcialmente?) incluída em um artigo chamado "Music, Murder And Fire - Black Metal The Scandinavian Way" [N.: “Música, Assassinato e Fogo – Black Metal à moda Escandinava”]. O artigo inteiro é basicamente pura ficção, mas eu reconheço partes dele de uma entrevista que concedi em 1994 ou 1995 para um alemão, que trabalhava para a “Tempo”, aparentemente uma popular revista alemã, possivelmente sediada em Hamburgo. Mas no fim do artigo intitulado "Music, Murder And Fire - Black Metal The Scandinavian Way" o autor é apresentado como "Ilde" (um pseudônimo?), e isso foi aparentemente publicado na revista "Nieuwe Revu" , algo que soa bem holandês para mim – e eu nunca tinha ouvido falar dela antes.

O cara da "Tempo" me descreveu como parecendo ein Bisschen wie ein Engel (um pouco angelical), como a pessoa chamada Ilde fez, só que em inglês, mas Ilde acrescentou que: "[Vikernes] olha pela janela, e através das árvores ele tem a visão de um muro alto com torres de vigia e luzes de busca", e isso apenas é prova de que essa é uma entrevista forjada. Em primeiro lugar, eu falei com o alemão da "Tempo" na prisão de Bergen em 1994 ou 1995 e, pelo que me lembro, não havia janelas naquela sala mas, se eu estiver errado e houvesse realmente janelas, a única coisa que Você poderia ver através delas seria outro bloco da prisão (e certamente nenhuma árvore). Além disso, não há torres de vigia com luzes de busca em nenhuma prisão da Noruega. As prisões norueguesas simplesmente não são construídas dessa forma (e devo acrescentar, em resposta a um tolo artigo de 2003 que alegou que eu havia sido atingido pelo tiro de um guarda da prisão, que os guardas das prisões também não portam armas). Então sobre que diabos esse Ilde estava falando? A entrevista inteira é, obviamente, outra fraude. Ele nunca falou comigo! Nem sei quem ele é – ou talvez quem ela é!

Portanto há pessoas por aí que realmente falsificam entrevistas e as publicam em revistas e na Internet. Elas baseiam suas entrevistas fajutas em outras entrevistas fajutas e, claro, também em entrevistas reais, acrescentando algum toque pessoal para ficarem do jeito que desejam, mesmo desconsiderando a verdade.

A propósito, a entrevista original da "Tempo" também foi um monte de asneiras e a ridícula e totalmente falsa informação de que meu pai costumava bater em minha mãe e em mim vem dessa revista. Ele – o alemão – provavelmente inventou essa história por conta própria, por alguma razão desconhecida.

Onde pessoas como esse alemão conseguem essas baboseiras? Se não têm nenhuma base na realidade, então devem estar inventando tudo por conta própria. Por quê? Por que inventar histórias quando você pode simplesmente falar comigo para saber a verdade?

O resto do artigo/entrevista "Music, Murder And Fire - Black Metal The Scandinavian Way" segue o mesmo estilo. É tudo um monte de asneiras. Parte é pura ficção e parte baseia-se em outras entrevistas que foram publicadas por pessoas que queriam apenas me demonizar. Se eu sorria para os jornalistas, eles descreviam como “desprezo” e, se eu não sorrisse, eu era “frio como gelo”. Não importava o que eu dizia ou fazia, eu estava sempre errado e eles ainda distorciam tudo. No tribunal eu disse que não era um satanista e que eu considerava satanismo uma idiotice judaico-cristã, falei sobre Óðinn e Þórr e, mesmo assim, o juiz escreveu que "Varg Vikernes acredita em Satã" e as manchetes diziam que eu era um satanista. Até mesmo em 2001 a diretora do departamento de justiça da Noruega (surpreendentemente) escreveu a mesma coisa em uma carta para um psiquiatra e um psicólogo, que deveriam escrever um relatório sobre o fato de eu ser um psicopata ou não (e, a propósito, eles disseram que eu não era). Então a diretora do departamento de justiça também alegou que eu era um satanista e que "Varg Vikernes acredita em Satã". Mas até mesmo as pessoas que trabalhavam na prisão em que eu estava na época ficaram chocadas pela ignorância (ou até malícia) da diretora do departamento de justiça. O psiquiatra e o psicólogo também reagiram negativamente à declaração e, naturalmente, se perguntaram por que ela faria tal coisa.

Então o que se pode esperar de otários que escrevem na Internet ou em alguma revista sem conteúdo? Como podemos acreditar nas diferentes biografias, artigos e “entrevistas” que existem por aí, quando até mesmo os juízes do sistema judiciário e a diretora do departamento de justiça da Noruega inventam ou repetem mentiras como essa?


Resumindo, todas as biografias, matérias e a maior parte das entrevistas estão repletas de mentiras. Ao invés de falar a Você sobre as mentiras dentro de um fluxo incessante de artigos como esse que mencionei, direi simplesmente que não confie em nada do que Você ler sobre mim, a menos que tenha sido escrito por mim.

Infelizmente, não podemos confiar em nada do que tenha sido dito e escrito sobre outros dissidentes também. Os dissidentes são sempre demonizados e os que apóiam os que estão no poder sempre são glorificados. A história não é nada além de uma ferramenta usada pelos poderosos para fazerem com que as massas os adorem e os sigam e também para terem certeza de que essas pessoas rejeitem e trabalhem contra seus inimigos ou adversários.

Até no ensino fundamental/ médio de hoje crianças e adolescentes ingênuos na Noruega aprendem sobre o “adorador do diabo” e “satânico” Varg Vikernes. Se um sistema diferente ou pelo menos a honestidade prevalecesse, eu provavelmente seria descrito mais da forma como eu me vejo, uma pessoa que rejeitou a tentação de ter uma vida confortável em um país rico, porque eu preferi fazer o que achava certo. Eu me recusei a participar do estupro da Mãe Terra e me revoltei contra o mundo moderno.

Hoje sou visto como nada além de um criminoso, então não posso esperar que os simpatizantes desse sistema podre digam a verdade sobre mim e, é claro, não sou o único sofrendo esse tipo de campanha de mentiras. Todos os que se revoltam contra o mundo moderno e contra esse sistema doentio passam mais ou menos pelo que estou passando. Eles são demonizados, ignorados, caluniados e assim por diante. Até mesmo o adolescente comum passará por isso em sua comunidade se ele ou ela fizer algo que é considerado anti-social ou politicamente incorreto (ou apenas usar roupas especiais). Todos os que se revoltam contra o mundo moderno devem estar preparados para enfrentar as conseqüências, mas isso não significa que devemos simplesmente aceitar o fato das pessoas estarem espalhando mentiras, nos ignorando ou nos caluniando. Devemos sempre reagir, nunca desistir. Não importam as conseqüências.

Quando os poderes “ocidentais” apóiam dissidentes em outros países, seja em Myanmar, na China, no Zimbábue ou em qualquer outro lugar, eles os chamam de dissidentes ou oposicionistas, mas todos os dissidentes no mundo “ocidental” são chamados de criminosos ou simplesmente de terroristas. Eles nem mesmo reconhecem que há uma razão legítima para se revoltarem contra o mundo “ocidental”, porque eles querem estabelecer como um fato indiscutível que a sua tão falada “democracia” é a melhor maneira de governar um país. Argumentar contra isso é como argumentar contra a teoria da macroevolução com cientistas ou, o que é pior, questionar a veracidade da teoria do Holocausto na frente de seu professor de história. Não importa o que você diga, eles verão você como um completo idiota e recusarão até mesmo a escutar o que você tem a dizer.

Um fanático é simplesmente um idealista de quem você discorda e um idealista é simplesmente um fanático com quem você concorda. Portanto, os “idealistas” ditam as regras no mundo “ocidental” e os “fanáticos” como eu são perseguidos. É assim que as coisas são e Você deve sempre ter isso em mente quando ler algo sobre gente como eu. As regras do jogo ainda são deles. Você também deve ter sempre isso em mente quando não ler coisa alguma sobre gente como eu.

Obrigado pela sua atenção.
Varg "O que persevera na Vida" Vikernes

(Escrito em dezembro de 2004, atualizado em abril de 2005)

Fama crescit eundo! (Os rumores crescem com o tempo)


Fonte: A História do Burzum http://whiplash.net/materias/biografias/085954-burzum.html#%3Ch3%3EParte%20III%20-%20A%20campanha%20de%20mentiras%3C/h3%3E%20#ixzz2DBopv1W7

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A História do Burzum: Parte II - A morte de Euronymous

De certa forma, tem sido interessante ver como algumas pessoas sentem a necessidade de criar histórias sobre o motivo pelo qual eu acabei matando Euronymous. Mas é triste ver que essas pessoas criam histórias somente porque a verdade é inconveniente para elas.


Em 1991 a maior parte dos músicos de metal da Noruega acreditava que Euronymous era um cara legal, mas no segundo semestre de 1992 a maior parte de nós percebeu que ele não era assim. Quando a DSP (Deathlike Silence Productions), sua gravadora, lançou o álbum de estréia do Burzum em março de 1992, ele teve que fazer um empréstimo para poder pagá-lo. Ele não tinha dinheiro para isso, então ele tomou emprestado de mim. Quando vendeu todos os álbuns do Burzum ele pagou suas contas particulares ao invés de prensar mais cópias – ou devolver o dinheiro que me devia (e, a propósito, eu também nunca vi o dinheiro dos royalties). Então depois de vender tudo ele não tinha dinheiro para prensar mais cópias. Essa é provavelmente a razão que levou muitos a acreditarem que eu o matei por dinheiro, mas certamente eu não conseguiria meu dinheiro de volta matando ele. Quebrar as suas pernas poderia ter funcionado, mas matá-lo não. Eu sempre posso ganhar mais dinheiro se quiser, mas eu nunca invisto mais do que aquilo que posso perder. Tenho uma relação bem tranqüila com o dinheiro, então esse rumor é simplesmente estúpido, mesmo porque estamos falando de apenas umas 36.000 coroas norueguesas (por volta de 5.100 dólares, equivalente a um salário mensal médio na Noruega).

Eu agüentei as conseqüências de sua incompetência e estupidez e fundei meu próprio selo, chamado Burznazg (que, na Língua Negra de Tolkien, significa “Anel Negro”) e que depois (no final de 1992) foi mudado para Cymophane (em grego: “Acenar para aparecer”, o nome de uma pedra que tem a forma de um olho) e decidi fazer tudo sozinho. Eu não precisava dele. Tudo o que ele fez foi sentar sua bunda gorda em sua loja, beber Coca Cola e comer kebab [N.: espetos de carne estilo árabe]. Sua loja estava indo por água abaixo e era apenas uma questão de tempo antes dele (e portanto da DSP) ir à falência.
Mas ainda não tínhamos cortado relações com ele, não completamente, e, como última tentativa de manter sua loja funcionando, concordamos que eu deveria dar uma entrevista a um jornal para atrair alguma atenção para o metal. Ele não tinha mais álbuns do Burzum, mas ainda tinha outros álbuns para vender em sua loja. Quando eu dei a entrevista anônima em janeiro de 1993 eu exagerei bastante e, quando o jornalista foi embora, nós – uma garota e eu – demos umas boas risadas, porque ele não pareceu ter entendido que eu estava zoando com ele. Ele levou tudo muito a sério. Infelizmente, ele procurou a polícia no dia seguinte (19), fui preso e, no dia 20, seu jornal publicou a sua versão do que eu tinha dito, e isso enquanto eu estava encarcerado e incapaz de dizer a alguém que aquilo era somente um monte de asneiras que eu tinha dito para atrair algum interesse para um certo gênero musical – e para ajudar Euronymous a ganhar alguns fregueses e alguns trocados.


Porém, a parte interessante foi que, quando eu estava preso, Euronymous fechou a loja, ao invés de tirar proveito da situação, porque seus pais acharam que a atenção era inconveniente demais! Então o “maligno” herói do Black Metal fez o que sua mãe e seu pai mandaram! Sim, realmente patético mas, agindo assim, ele também fez com que todos os meus esforços fossem em vão. Eu passei seis semanas preso por causa disso e tudo o que ele fez foi fechar a loja! Choveram fregueses, que encontraram a loja fechada! Isso não é estúpido?!
Quando eu saí da prisão eu estava bastante desiludido por tudo o que tinha acontecido na mídia e a polícia bagunçou tanto a minha vida quando fez a batida em meu apartamento que foi difícil levar a Cymophane pra frente do jeito que eu tinha planejado. Enquanto isso, a DSP assinou (provavelmente devido ao alvoroço da mídia) um contrato de distribuição com uma empresa de Oslo [N.: capital da Noruega] e conseguiu voltar a prensar e vender seus álbuns.

Euronymous agiu como um completo imbecil ao fechar a loja, e a maior parte de nós concordou que ele era um grande bundão e um idiota. Eu estava furioso por ele não ter tirado proveito da situação, que foi o que me levou a dar aquela entrevista idiota, e não queria mais nada com ele. Não dava pra fazer negócios com ele. Ao invés disso, consegui um contrato com uma empresa de distribuição em Oslo para a Cymophane, e continuei sozinho.

Para mim ele nem existia mais. Quando ele me telefonou para me perguntar se eles, os caras do Mayhem, poderiam ficar em minha casa enquanto estivessem nos estúdios Grieghallen para terminar o álbum do Mayhem, eu disse não. E ninguém mais em Bergen queria dar a eles um lugar para ficarem, então eles precisaram alugar um quarto em um motel. Ninguém tinha nada contra Hellhammer, o único outro membro do Mayhem na época, mas nós simplesmente não queríamos nos envolver com Euronymous. Eu sempre tive um bom relacionamento com Hellhammer, e ele também não estava muito impressionado com Euronymous, por assim dizer. Em 1992, quando gravamos "De Mysteriis Dom Sathanas", ele até brincou dizendo que deveríamos matar o cara!


Por alguns meses esse sentimento de desprezo por Euronymous espalhou-se pela cena do metal, já que cada vez mais pessoas percebiam o quanto ele era idiota, e ele me culpava por tudo isso, então começou a me odiar. Ele acreditava que o fato das pessoas terem perdido o respeito por ele era culpa minha. De certa forma ele estava certo, já que eu não mantinha minhas opiniões em segredo, mas acredito que ele fez isso para si mesmo. Ele simplesmente se revelou através da maneira pela qual reagiu aos problemas. Ele se fez de tolo. Além disso, quando a mídia publicou todas aquelas asneiras sobre mim, ele se sentiu menos importante. De repente ele não era mais o “personagem principal” da cena metal hardcore. Ele acreditava que isso também era minha culpa. Essa foi provavelmente a razão pela qual as pessoas alegaram que o assassinato foi o resultado de uma luta pelo poder entre duas figuras importantes da cena, mas a verdade é que isso era importante apenas para ele. Eu não dava a mínima pra isso. Eu nem mesmo me relacionava com tanta gente ligada ao metal assim e, quando saía, preferia ir a festas house e a um clube techno underground em Bergen chamado "Føniks" (Fênix), enquanto a maioria dos caras do metal ia a algum local de rock'n'roll. Na verdade, eu ia ao clube techno para fugir de todo aquele pessoal novo do metal, porque eu não gostava da atenção que recebia deles. Eu preferia a atenção das garotas, por assim dizer.

Algum tempo depois o Mayhem chamou um novo guitarrista, Snorre W. Ruch of Thorns, de Trondheim, e quando ele se mudou para Bergen eu o deixei dormir em uma cama para hóspedes na sala de meu apartamento até que ele conseguisse o seu próprio. Nesse momento Euronymous começou a conspirar contra minha vida. Ele queria me matar. Para ele eu era o problema, então me matando ele acreditava que o problema desapareceria.

Mas o problema era que ele incluiu algumas pessoas ligadas ao metal em sua conspiração para me matar, e eles me contaram. Ele disse que contou a eles porque ele confiava neles mas, obviamente, eles gostavam mais de mim do que dele, podemos dizer assim. Certo dia ele telefonou para Snorre, que vivia em meu apartamento, e Snorre me deixou ouvir o que Euronymous tinha a dizer. Ele disse a Snorre que "Varg precisa desaparecer de uma vez por todas" e coisas desse tipo, confirmando os planos que outros me contaram antes.
Muitos alegaram que eu exagerei em minha reação, até porque Euronymous era um bundão mesmo, e ele não teria coragem nem para tentar me matar. Claro, ele era um bundão, mas daquela vez ele não contou seus planos para todo mundo, como ele costumava fazer. Mas eu levei aquilo a sério porque ele contou somente para algumas pessoas em quem confiava, seus amigos mais próximos – ou aqueles que ele acreditava que eram seus amigos mais próximos. Além disso, em agosto de 1993 ele estava prestes a ser preso por quatro meses, depois de ser condenado por ferir duas pessoas com uma garrafa quebrada, porque eles tinham “olhado para sua namorada” em um ponto de ônibus. Ele não era um cara muito simpático e, quando ele sentia que estava sendo posto contra a parede, ele era bem capaz de executar seus planos. Quando sentem muito medo, mesmo os maiores covardes tornam-se perigosos.
No mesmo dia em que ele contou a Snorre sobre suas intenções de me matar (e, indiretamente me contou, já que eu estava ouvindo a conversa), eu recebi uma carta dele, na qual ele fingia estar sendo bem amigável e dizia que queria me encontrar para discutir um contrato que eu não tinha assinado ainda. Essa era a única desculpa que ele tinha para me encontrar e parecia que ele estava armando uma pra cima de mim. De acordo com seus “amigos”, o plano era me encontrar, me nocautear com uma arma de choque, me amarrar e me colocar no porta-malas de um carro. Depois ele dirigiria até uma floresta, me amarraria a uma árvore e me torturaria até a morte enquanto gravaria tudo em vídeo.

Minha reação foi, naturalmente, raiva. Quem diabos ele pensava que era? No mesmo dia decidi ir de carro até Oslo, dar a ele o contrato assinado e simplesmente dizer a ele “f*da-se” e, ao fazer isso, eliminar todas as desculpas que ele tivesse para me contatar de novo. Mas tenho que admitir que não deixei de considerar a possibilidade de dar umas porradas nele. Pouco antes de sair Snorre me disse que queria ir junto, porque ele tinha alguns novos riffs de guitarra para mostrar a ele. Eu pretendia continuar até Sarpsborg com um lote de camisetas do Burzum (para o Metallion da revista "Slayer" pelo que me lembro) e apenas deixar Snorre em Oslo com Euronymous. A propósito, o estranho (e desleal) Snorre não parecia ter problema algum em ser amigo de nós dois, como uma pessoa normal (de bom caráter) teria.
Deixamos Bergen por volta das 21:00 e chegamos a Oslo entre 03:00 e 04:00 (não me lembro exatamente, já que isso aconteceu há mais de onze anos). Nós nos revezamos na direção e, quando chegamos, eu estava dormindo no banco de trás. Por causa disso eu tinha tirado meu cinto e, quando paramos, eu passei o cinto para ele e pedi para colocá-lo em um lugar seguro. Eu tinha guardado uma faca no cinto e ficar dirigindo com uma faca no banco de trás não é muito seguro.

Chegamos então à porta de frente do prédio e toquei a campainha. Ele estava dormindo. Você poderia pensar que visitar pessoas no meio da noite é um pouco estranho, mas era perfeitamente normal para nós. Muitas pessoas na cena metal eram “criaturas noturnas”, por assim dizer. Ele perguntou quem era, e eu disse meu nome. “Estou dormindo. Não dá pra Você voltar mais tarde?”, disse ele. “Eu trouxe o contrato. Me deixe entrar”, eu disse e entrei rapidamente. Seu flat era no quinto (ou quarto?) andar e comecei a subir as escadas. Snorre queria fumar um cigarro e, como o fumo era proibido no apartamento de Euronymous (e no meu carro), ele ficou no térreo fumando.

Euronymous estava esperando por mim na entrada, parecendo muito agitado, e entreguei o contrato a ele. Devo acrescentar que ele estava, obviamente, bem nervoso. O cara que ele planejava matar tinha aparecido em sua porta no meio da noite. Então perguntei a ele que po**a ele queria e, quando dei um passo à frente, ele entrou em pânico. Ele ficou histérico e me atacou com um chute no peito. Eu simplesmente o joguei na porta e fiquei um pouco atordoado. Eu não estava atordoado pelo seu chute, mas pelo fato dele ter me atacado. Eu não esperava aquilo. Não em seu apartamento e não daquela maneira. Ele tinha começado a treinar “kick boxing” havia pouco tempo e, como todos os iniciantes, achou que tinha se tornado um “Bruce Lee” da noite pro dia.

Alguns segundos depois ele se levantou do chão com um pulo e correu pra cozinha. Eu sabia que ele tinha uma faca na mesa da cozinha e pensei “se ele vai pegar uma faca, eu também vou pegar uma faca”. A minha faca de cinto estava no carro, porque estava no cinto que eu tinha deixado lá, mas eu tinha um canivete, ou melhor, uma faca de bota (com uma lâmina de 8 cm) em meu bolso. Eu pulei na frente dele e consegui pará-lo antes que pusesse suas mãos na faca de cozinha. Nesse momento ele já tinha mostrado suas intenções então, quando ele correu pro quarto, eu percebi que ele queria pegar outra arma. Algumas semanas antes ele tinha dito a algumas pessoas que em breve a polícia devolveria para ele a espingarda (a usada por “Dead” quando ele se matou), então eu percebi que era isso o que ele estava tentando: pegar a sua espingarda (embora ele, na verdade, não tivesse uma arma de choques ou uma espingarda em seu apartamento, eu não sabia). Eu corri atrás dele, o esfaqueei e fiquei um pouco surpreso quando ele saiu correndo do apartamento. Não fez nenhum sentido ele ter fugido e o que me deixou zangado foi saber que ele tinha começado a briga mas, no momento em que ele se deu mal ele decidiu fugir, ao invés de lutar como um homem. Isso é algo que sempre detestei.

(Algumas pessoas alegaram que eu assassinei um homem indefeso e desarmado mas, em primeiro lugar, ele tentou pegar uma faca antes de mim e certamente ele poderia ter se armado se tivesse escolhido ficar, ao invés de fugir como um covarde. Havia várias outras coisas em seu apartamento que ele poderia ter usado para se defender quando ele não conseguiu pegar sua faca de cozinha).
Do lado de fora encontramos Snorre, que tinha terminado seu cigarro. Todas as portas pareciam iguais e Snorre era um cara bem distraído, então ele acabou subindo até o sótão, um andar acima, por engano. Confuso, ele desceu e usou seu isqueiro para iluminar o número da porta, tentando ler para saber se era o apartamento certo. Enquanto ele estava tentando ler o número da porta, Euronymous saiu correndo de cueca, sangrando e gritando como um louco. Snorre ficou tão surpreso e aterrorizado que ficou parecendo um fantasma, e pareceu que seus olhos estavam prestes a saltar. De acordo com Snorre, ele ficou tão surpreso e chocado que apagou e não se lembrou de nada até que momentos depois eu perguntei se ele estava bem.

Euronymous desceu um lance de escadas e parou para tocar a campainha do vizinho. Ele percebeu rapidamente que eu o estava seguindo, então ele continuou a fugir escada abaixo, batendo nas portas e tentando tocar as campainhas dos vizinhos conforme ia passando por elas, gritando por ajuda. Eu esfaqueei (três ou quatro vezes) o seu ombro esquerdo enquanto ele corria, já que essa era a única parte que eu podia atingir enquanto estávamos correndo. Ele então tropeçou e quebrou uma lâmpada na parede, provavelmente com sua cabeça ou braço, e caiu sobre os fragmentos de vidro – de cuecas. Correndo, passei por ele e esperei. Snorre ainda estava no andar de cima e eu não tinha idéia de como ele reagiria a tudo isso. Seria tudo uma armadilha e ele estaria participando? Ele poderia me atacar também? Eu não sabia. Quando Snorre veio correndo ele pareceu bem assustado e eu apenas deixei ele passar direto por mim. Aí eu percebi que ele não fazia parte daquilo, então perguntei se ele estava bem (porque ele certamente não parecia bem). Nesse momento Euronymous ficou de pé novamente. Ele pareceu conformado e disse: “Já chega”, mas então ele tentou me chutar novamente e eu acabei com ele enfiando a faca em seu crânio, pela sua testa, e ele morreu instantaneamente. Seus olhos viraram e um gemido pôde ser ouvido enquanto seus pulmões se esvaziavam depois que morreu. Ele caiu sentado, mas a faca estava enfiada em sua cabeça, então eu o segurei enquanto tentava tirar a faca. Quando puxei a faca de seu crânio ele caiu para frente e rolou por um lance de escadas como um saco de batatas – fazendo barulho suficiente para acordar toda a vizinhança (era uma escadaria barulhenta, de metal).

Isso pode soar como uma maneira estranha de matá-lo, mas minha faca era muito pequena e apenas pontuda. A lâmina não era afiada. Era tão cega que eu não conseguiria cortar um tomate em dois sem esmagá-lo. A única maneira de matá-lo rapidamente com aquela faca seria perfurar seu coração ou crânio. De fato, eu poderia ter sido capaz de matá-lo muito mais fácil e rapidamente se eu nem tivesse uma faca e, ao invés disso, tivesse batido nele até a morte. A única razão que me fez sacar a faca foi porque ele estava tentando fazer isso e eu imaginei que seria justo se eu também tivesse uma faca, embora a que eu tinha não era muita coisa.

Ele já havia mostrado sua intenção de me matar e, mesmo ele não sendo mais uma ameaça direta contra mim naquele local e naquele momento, eu não senti nenhum remorso por tê-lo matado. Sua covardia me deixou muito zangado e eu não vi nenhum motivo para deixá-lo viver, não quando ele já tinha demonstrado sua intenção de me matar. Se eu o tivesse deixado viver eu apenas teria dado a ele a oportunidade de atentar contra minha vida mais uma vez no futuro.

Matar uma pessoa com uma faca cega de 8 cm é algo bem sangrento mas, embora o sangue tenha espirrado sobre as paredes da escadaria conforme descíamos correndo, não havia sangue no meu rosto. De qualquer forma, Snorre tinha as chaves do carro então eu corri para impedi-lo de sair com o carro, me deixando para trás em Oslo, encharcado de sangue. Eu peguei as chaves, abri a porta, devolvi as chaves para ele e disse para dirigir. Eu entrei rapidamente no saco de dormir que eu guardava no porta-malas, antes de entrar no carro, para ter certeza de não deixar nenhuma marca de sangue no carro. Naquele momento eu achei que era melhor tentar fugir. O que eu não sabia era que Snorre ainda estava em choque, então ele apenas dirigiu a esmo em Oslo por 20 minutos e acabei tendo que assumir o volante. Enquanto dirigíamos por Oslo, Snorre viu um agente policial na estrada para Bergen nos arredores de Oslo, então tivemos que ir por outro caminho. Dirigimos para o norte na direção de Trondheim e logo depois desviamos para oeste. Eu parei perto de um lago e tirei todas as minhas roupas. Eu amarrei pedras nelas e nadei até deixá-las afundar onde o lago era mais profundo. Por sorte, eu ainda tinha as camisetas que pretendia vender em Sarpsborg (como disse, para o Metallion, pelo que me lembro), e Jørn of Hades tinha esquecido um agasalho de moletom (ironicamente, um moletom do Kreator, com os dizeres "Pleasure To Kill" [N.: “Prazer de Matar”]), então eu também tinha um moletom limpo (bem, não exatamente “limpo”, mas pelo menos não estava encharcado de sangue). Finalmente, eu tinha uma calça muito, muito suja que estava jogada havia muito tempo no banco de trás, então eu tinha um conjunto quase completo de roupas. Dirigir como um “soldado” e sem meias não seria um problema.

(Snorre depois mostrou à polícia onde eu tinha jogado as roupas, mas tudo o que eles conseguiram achar foi uma camiseta com a figura de um viking e o texto: “Noruega: Terra dos Vikings”, que não tinha traços de sangue. Tudo o mais havia desaparecido e mesmo mergulhadores não conseguiram encontrar coisa alguma. Eles não tinham absolutamente prova nenhuma de que a camiseta pertencia a mim [e quem neste mundo esperaria que eu usasse uma camiseta com esse tema?]. As outras peças de roupa provavelmente tinham afundado na lama espessa do fundo do lago, como era de se esperar).

Um amigo nosso ainda estava em meu apartamento. Quando decidi ir a Oslo estávamos assistindo a alguns vídeos e comendo pizza e, quando saímos, permiti que ele ficasse para terminar de assistir aos filmes e de comer. Naquele momento eu queria que ele saísse do apartamento, no caso da polícia já estar sabendo do que tinha acontecido. Paramos em Hønefoss perto de uma cabine telefônica, apenas para dizer ao cara para sair de meu apartamento. A primeira cabine que vimos estava rodeada de adolescentes, e não queríamos que ninguém nos visse no leste da Noruega naquele momento, então continuamos andando até achar outra cabine telefônica. Como eu estava dirigindo, Snorre saiu para telefonar, quando um carro da polícia passou descendo a estrada. Aparentemente os adolescentes tinham arrebentado a cabine telefônica antes de irem arrebentar a seguinte e alguém chamou a polícia. Quando o policial chegou e nos viu ele pensou que éramos as pessoas que ele estava procurando (esse foi ou não foi um bom exemplo da “Lei de Murphy” em ação?). O telefone estava quebrado e Snorre voltou pro carro. Eu dirigi, com a viatura a uns noventa metros atrás de nós, e percebi que, se ele nos parasse e simplesmente anotasse nossos nomes, seria impossível conseguir um álibi. Então eu acelerei cada vez mais, com a viatura logo atrás na mesma velocidade e, quando chegamos à estação de trem em Hønefoss eu virei à direita e dirigi como um completo maluco (pneus cantando, rodas patinando, saindo de traseira em cada curva e tudo o mais que se poderia esperar de uma fuga típica de filme “B”). Eu estava dirigindo um VW Golf e estávamos indo tão rápido que, antes que percebêssemos, estávamos na auto-estrada para Bergen novamente – e tínhamos nos livrado da polícia. Ele provavelmente nem tinha se preocupado em nos perseguir (ou, o que é pouco provável, não tinha conseguido nos acompanhar), já que uma investigação posterior (feita pela polícia) mostrou que ele nem mesmo relatou o incidente para seus superiores.

Naquele momento eu achei que eles poderiam já estar nos procurando e, para o caso de já estarem, eu sugeri a Snorre que eu deveria deixá-lo em uma estação de trem, num local chamado Gol, a caminho de Bergen. Se a polícia me parasse eu estaria sozinho e ele não teria problemas. Ele recusou a oferta e voltamos para Bergen sem quaisquer incidentes. A primeira coisa que fiz foi visitar uma gráfica para conseguir um álibi e depois fui me encontrar com o cara que havia ficado em meu apartamento, para dizer a ele que precisávamos conversar, para também conseguir um álibi. Snorre já havia dito a ele pelo telefone que “algo havia acontecido” em Oslo, quando paramos em uma cabine telefônica perto de Voss, algum tempo depois de termos saído de Hønefoss. Inventamos uma história e tudo parecia bem.

Então eu pude finalmente ir pra casa e dormir um pouco. Depois de uns 20 minutos de sono, a campainha tocou e apareceu um jornalista que queria falar comigo sobre a morte de Euronymous, que já havia sido descoberta (por volta das 11:00) e eu disse a ele que eu estava muito cansado para conversar com ele. Afinal, eu já estava sem dormir havia bastante tempo (embora eu não tenha dito isso a ele...). No dia seguinte, lemos nas primeiras páginas que “O ‘Conde’ [N.: de ‘Count Grishnackh’] está desconsolado! Ele ficou tão triste ao ouvir as notícias sobre a morte de seu melhor amigo que ele nem conseguiu falar conosco sobre o assunto”. Bastante irônico, Você não acha? Isso serve para mostrar como não dá para confiar nas histórias contadas pela mídia!

Algumas pessoas, por alguma razão bizarra, alegaram que eu matei Euronymous por causa de uma garota e, portanto, devo acrescentar que minha namorada da época (e de abril de 1993 até 1998) nem sabia quem ele era. Ela nunca tinha ouvido falar dele até eu matá-lo (e posso dizer que ela não era nem mesmo uma “metalhead”, mas uma garota “comum” que ouvia música pop). Então ela, obviamente, não tinha nada a ver com tudo isso e eu com certeza não o matei por causa de uma garota. Até onde eu sei Euronymous nunca teve uma namorada, então essas pessoas que estavam espalhando esse boato idiota não poderiam estar falando de sua namorada.

Mesmo as pessoas que me criticam por ter matado um conterrâneo norueguês estão erradas. Euronymous era, na verdade, lapão [N.: Originário da Lapônia, região do norte da Europa que abrange partes da Noruega, Suécia, Finlândia e Rússia], o que pode ser claramente visto pelas fotos dele. Suas feições de lapão (mongóis) são claramente visíveis, seu cabelo era tipicamente lapão (fino e reto) e sua estatura também era reveladora (como a maior parte dos lapões, ele era muito baixo).

O problema era que Snorre ainda estava em choque. Tenho que admitir que nada disso me afetou. Não se tratava de um grande problema; um criminoso que tinha planos de me matar estava morto. E daí? Não vejo nenhuma razão para ter pena de uma pessoa que planejava me torturar até a morte enquanto gravava tudo para sua própria diversão.

A polícia queria falar comigo – já que eles acharam desde o primeiro dia que eu era culpado – e me convocaram para ir a Oslo para ser interrogado Eu concordei e falei com eles, apresentei o álibi que tínhamos criado após o assassinato e me liberaram. Em seguida eles passaram a investigação para minha cidade natal, por razões óbvias, e começaram interrogar os outros também. Eles não tinham qualquer evidência contra mim, então eles tinham que fazer alguém falar para poderem me pegar. Eles entenderam rapidamente que Snorre era o elo fraco da corrente, por assim dizer. Seus nervos estavam à flor da pele e eles pegaram pesado com ele. Eles telefonaram para ele na noite em que eu não estava lá, fazendo perguntas, sempre as mesmas perguntas, até que, depois de nove dias, ele não agüentou. De acordo com um relatório da polícia, ele estava tão abalado emocionalmente que precisaram esperar várias horas antes que pudessem conseguir algum tipo de declaração dele. Aparentemente aquilo foi uma experiência bastante traumática para ele. Ele contou que eu havia matado Euronymous e onde eu estava. Naquele momento eu estava em um clube noturno e, quando eu saí (entre 02:00 e 03:00, em uma sexta-feira, 19 de agosto de 1993), me prenderam.

Depois perguntaram meu nome e eu me recusei a dizer. Eles tiraram a minha roupa, me jogaram em uma cela, mantiveram a luz acesa 24 horas por dia, 7 dias por semana e não me deram sequer um cobertor ou lençol para eu me deitar. Eu já esperava por isso, então não houve um grande problema e eu só ria das suas tentativas patéticas de me abalarem mentalmente; porém, o “álibi” em meu apartamento teve o mesmo tratamento, porque contaram que ele estava sendo acusado de assassinato mas, estando completamente despreparado para isso, ele ficou tão atordoado que confessou tudo imediatamente. Algo tinha acontecido em Oslo, ele disse, e eu acabei matando Euronymous. Ele disse a eles o mesmo que Snorre tinha dito antes.
Porém eles ainda não tinham evidência concreta contra mim. A única coisa que eles realmente poderiam usar contra mim era a confissão de Snorre, mas ele nem mesmo tinha me visto esfaquear Euronymous. Seu testemunho provava que ele havia estado em Oslo, mas a única coisa que me ligava ao crime era seu testemunho. Eles até tinham uma gravação dele em fita, feita pela câmera de vigilância de um posto de gasolina em Hønefoss naquela noite, quando ele estava reabastecendo o carro no caminho para Oslo. Eu, por outro lado, não podia ser visto em lugar algum. Ele estava sozinho no carro. Se eles não tivessem feito nada a respeito disso, eles teriam sido forçados a condená-lo pelo assassinato, e eu ficaria livre. Ele estava com a corda no pescoço!

Então o que Você acha que aconteceu? Eles de repente alegaram – dois meses após o assassinato e dois meses após eu ter me tornado suspeito (e eles já tinham minhas digitais, da prisão em janeiro de 1993) – que haviam encontrado minhas digitais em sangue na cena do crime. Eu estava usando luvas quando o matei, então eu sabia que aquilo era uma grande asneira, mas ninguém mais sabia, e Snorre erroneamente acreditou que eu tinha dito a ele que eu não estava usando luvas quando o matei. Então, subitamente, Snorre e o outro cara mudaram suas histórias e alegaram que nós havíamos planejado tudo. Disseram pro cara no apartamento que eu tinha cometido o crime mas, se ele não cooperasse com eles, então Snorre seria condenado em meu lugar. “Você quer que Snorre vá para a cadeia por algo que Varg fez?”. Tudo estava preparado para me pegarem e para livrarem Snorre mas, nesse processo, eles inventaram uma história que era muito pior que a verdade. Eles alegaram que Snorre tinha planejado seu álibi dando seu cartão eletrônico (cartão de crédito) para o outro cara, que o usaria no meio da noite em Bergen, deixando assim evidência eletrônica de que ele estava em Bergen e não em Oslo naquele momento. Mas o único problema era que ele nunca deu ao outro cara seu cartão, então o outro cara obviamente nunca deixou rastro eletrônico algum em Bergen, então qual o motivo de fazer tal alegação? Eles alegaram que alugamos filmes que já tínhamos visto antes então, se alguém nos perguntasse sobre os filmes, seríamos capazes de dizer do que se tratavam. Eles também alegaram que o cara em meu apartamento tinha estado lá para fazer barulho, assim os vizinhos acreditariam que eu estava em casa. Disseram ainda que ele havia saído do apartamento usando minha jaqueta, para fazer as pessoas que ele encontrasse na rua acreditassem que ele era eu, usando o cartão de Snorre para deixar evidência eletrônica. Entretanto, ele nunca pegou o cartão de Snorre e ninguém disse que o tinha visto se passando por mim, então... Snorre teria me acompanhado para enganar Euronymous para que me deixasse entrar em seu apartamento, eles também alegaram, embora tenha sido eu quem tocou a campainha e falou com ele. Finalmente, eles disseram que eu havia dado uma faca a Snorre, que havia ficado no carro, no caso de eu precisar de sua ajuda. Essa, claro, era a faca de cinto que eu havia pedido a ele que colocasse no porta-luvas, porque eu não queria uma faca jogada no banco de trás do carro. Naturalmente, eu não a coloquei no cinto porque é ilegal andar por Oslo com uma grande faca no cinto e eu poderia ter sido preso se a polícia me pegasse. Eles distorceram tudo completamente e fizeram parecer que eu havia planejado o assassinato.

Eu não sei se isso é embaraçoso ou apenas estúpido, mas o cara no apartamento costumava realmente dizer que era eu quando saía. Ele chegava a dizer “Oi, eu sou o ‘Conde’” como chamariz quando estava paquerando as garotas (?!). Sei disso porque algumas garotas me contaram. Então se ele realmente usou minha jaqueta e andou por Bergen tentando fazer as pessoas acreditarem que ele era eu, isso não significava necessariamente que ele estava tentando me dar um álibi. Isso na verdade é uma prova do quão patético ele era – e o quão baixos alguns seres humanos podem ser para conseguirem transar. Devo acrescentar que eu não vejo como esse chamariz poderia ter dado certo, considerando que seria muito fácil para as garotas perceberem que ele não era “o Conde”. Bergen é uma cidade muito pequena de apenas 130.000 (ou 250.000 se você incluir toda a municipalidade) pessoas e praticamente todo mundo naquela época sabia qual era a minha aparência, então onde é que ele estava com a cabeça?! Ele nem era natural de Bergen (e sim de Lillehammer, no leste da Noruega), e qualquer um poderia perceber isso no momento que ele abria a boca.

Na verdade, eu chego até a ficar envergonhado pelo fato de ter feito amizade com essas pessoas, tanto esse cara quanto Snorre – e por algum tempo também com Euronymous. Há um ditado que diz: “Diga-me com quem andas que te direi quem és”. Se isso é verdade eu certamente fui um completo idiota... Mas em meu favor devo salientar que eu também tinha outros amigos, bons amigos (pôxa!).

Eles nunca conseguiram explicar porque Snorre poderia querer matar Euronymous. Ele tinha acabado de se juntar ao Mayhem como guitarrista, algo que era o sonho de muitos guitarristas de heavy metal, tenho certeza, e era um amigo de infância de Euronymous, então isso não faz sentido algum. Além disso, eles alegaram que eu havia planejado “cortar sua garganta” (provavelmente porque aquilo fazia com que eu parecesse muito cruel) mas, se fosse esse o caso, porque então eu traria uma faca cega que era somente pontuda? Eu poderia ter simplesmente tentado cortar sua garganta com uma colher. Isso também não faz nenhum sentido – e sabemos ainda perfeitamente que eu não cortei sua garganta.

Eles e a polícia estavam tão interessados em inventar coisas para me condenar que, no final, Snorre também acabou condenado, por me ajudar a planejar um assassinato e por me ajudar psicologicamente (sim, “claro”). Porém, o outro cara, que alegou ter participado ativamente do planejamento do “assassinato” e do meu álibi, passou um total de uma única noite numa cela. Ele nunca foi acusado de coisa alguma, o que é bem estranho. Se a polícia tinha acreditado seriamente na teoria maluca que ele apresentou, ele deveria ter sido condenado também, mas eles sabiam que aquilo era um monte de asneiras criadas para me pegar, e então deixaram ele ir. E devo acrescentar que não temos um sistema de recompensas para informantes aqui na Noruega, como eles têm nos EUA e possivelmente em outros países também. Não há maneira de negociar para sair livre se você cometeu um crime na Noruega. O fato é que eles simplesmente não queriam condená-lo por algo que ele não tinha feito. Ele estava mentindo, e eles sabiam disso, porque eles disseram a ele para inventar aquelas mentiras!

O próprio advogado de defesa de Snorre (que era Maçom) até mesmo testemunhou contra seu próprio cliente, já que ele estava muito interessado em me “pegar”, e, quando Snorre foi condenado até o júri pareceu triste (“sinto muito, mas temos que condenar Você também”) e eu não acho que alguém esperava aquilo. Foi uma mudança inesperada para todos nós.

No tribunal eu disse a eles que Snorre não tinha nada a ver com aquilo e que ele estava no lugar errado e na hora errada mas, no dia seguinte, Snorre estava testemunhando e alegou que eu estava errado. Eu tinha planejado tudo e ele sabia porque ele era parte do esquema. Toda a sua estratégia de defesa baseou-se em demonstrar que eu não podia culpá-lo, mas eu sequer tinha pensado nisso (e levei um bom tempo para entender que essa era sua preocupação). Se ele tivesse dito a verdade, ele teria se livrado da condenação mas, ao invés disso, ele insistiu em sua mentira – porque seu advogado de defesa convenceu-o a fazer isso – e ele pegou 8 anos por fazer absolutamente nada.

A mídia divulgou que o assassinato foi o resultado de uma “luta pelo poder” em um “movimento satânico” e que eu o tinha matado para tomar o seu lugar como líder (?). Mas isso não faz o menor sentido. Então é assim que a coisa funciona? Você mata alguém para tomar o seu lugar? Se Você quiser ser indicado como diretor de uma firma, Você não consegue tal coisa matando o diretor atual. Em que tipo de mundo esses jornalistas vivem? Seria num bando de animais ou coisa desse tipo? Isso simplesmente não faz sentido algum. Mas essa era a teoria deles, sua única teoria. O jornalista “dominante” (Michael Grundt Spang), que escrevia para o maior jornal da Noruega, até mesmo gastou seu tempo escrevendo sobre meu cabelo e sobre minha aparência em geral. De acordo com ele, eu “jogava” meu “rabo-de-cavalo castanho” de um lado pro outro “como uma garota” e não possuía “brilho diabólico” ao meu redor, como seria de se esperar de um “satanista diabólico” como eu, e assim por diante. Ele ficou, obviamente, bastante desapontado pelo fato de eu não parecer “diabólico”. Aparentemente nunca passou pela cabeça dele que eu poderia não parecer um “satanista diabólico” simplesmente porque eu não era um “satanista diabólico”... Snorre foi simplesmente descrito como “uma versão menor, mais magra e mais pálida do Conde”. O jornalista certamente não tinha a intenção de que aquilo soasse engraçado, mas certamente soou, simplesmente porque era incrivelmente idiota.

Os outros caras da cena naturalmente ficaram furiosos comigo, já que eles também começaram a acreditar na teoria do jornal sobre uma luta pelo poder, então eles também – com algumas poucas exceções (como Fenriz do Darkthrone e os caras do Mayhem)– fizeram de tudo para me crucificar e, nesse processo, eles deduraram uns aos outros e finalmente, por causa deles, a polícia resolveu quase todos os crimes cometidos pelos caras do black metal na Noruega entre 1991 e 1993. Eu falei com alguns deles depois e disseram-me que, se eles soubessem da verdade, eles nunca teriam me atacado (e, com isso, atacado-se mutuamente) como fizeram. Eles foram manipulados pela mídia e, claro, pela polícia. Mentiram para eles, como para todo mundo e, infelizmente, eles não foram capazes de enxergar além das mentiras.

Fui condenado a 21 anos, a pena máxima na Noruega, e o juiz alegou que eu tive “um motivo incompreensível” para matá-lo. É realmente tão difícil assim entender que eu o matei porque eu soube que ele tinha planos de me torturar até a morte e depois me atacou? Que parte disso o juiz não entendeu? Inicialmente era autodefesa mas, quando ele começou a fugir, eu não estava mais numa situação de vida ou morte então, naquele momento, não era mais autodefesa e sim homicídio doloso e, na minha opinião, aquilo foi um ataque preventivo, para que ele não tivesse uma segunda chance de me matar. Por isso minha pena deveria ter ficado apenas entre 8 e 10 anos! Ao invés disso, eu peguei 21 anos e Snorre pegou 8 anos por fazer absolutamente nada!

Eles também tentaram apresentar o assassinato como brutal e alegaram que ele morreu porque seus dois pulmões tinham sido perfurados. Eles ainda alegaram que eu o esfaqueei 23 vezes. Em primeiro lugar, eu sabia muito bem que ele havia morrido quando eu o esfaqueei na cabeça. Em segundo lugar, ele caiu sobre uma pilha de fragmentos de vidro estando de cueca. Naturalmente, ele se cortou muito – até mesmo sob um de seus calcanhares, já que ele se levantou depois de cair. Eles também sabiam disso, porém alegaram que eu o tinha esfaqueado 23 vezes, só para fazerem as pessoas acreditarem que eu era muito cruel, bestial e brutal. No tribunal mostraram fotos da autópsia a um júri perplexo. As fotos mostravam Euronymous nu sobre uma mesa, com todo o cabelo raspado, seus olhos ainda abertos e todos os cortes numerados a caneta sobre sua pele. Eu sabia que foi humilhante para ele ter sido morto mas, quando eles mostraram as fotos da autópsia no tribunal, aquilo foi certamente muito pior. Matar babacas é uma coisa, mas eu nunca humilharia alguém daquela forma.

Ah, e, claro, o juiz incluiu na sentença que: "Varg Vikernes acredita em Satã", embora eu tenha repetidamente afirmado no tribunal que eu não acreditava nem em “Satã” e nem em “Deus”. Eles ignoraram a verdade e criaram a sua própria realidade, por razões políticas.

Falando do júri, eu tive o “privilégio” de ter o único “curandeiro” cristão da Noruega em meu júri. Ele aparentemente já tinha aparecido na TV, dizendo ser capaz de “extrair o mal do corpo com a ajuda de Jesus” e, dessa forma, “curar” as pessoas. Seria isso uma coincidência? Seria coincidência o fato do único “curandeiro” cristão da Noruega (naquela época) ser escolhido para o meu júri? Ele estava relacionado como “secretário” e eu fiquei sabendo que ele era um “curandeiro” cristão muito depois, em 1995, quando um jornalista me contou sobre isso – e ele também contou que pelo menos outros dois membros do júri eram maçons. Os outros eram todos pensionistas, com exceção de uma ou duas mulheres. Todos eles eram meus “pares”, sem dúvida... O advogado de defesa de Snorre era maçom, como já mencionei, um dos psiquiatras do tribunal era maçom e judeu “sobrevivente” de Auschwitz (ele era um dos três que viviam na Noruega na época), o outro psiquiatra era um extremista de esquerda, meu advogado de defesa era 100% incapaz de ter um emprego remunerado (devido a um problema cardíaco) e, de acordo com o jornalista com quem conversei, pelo menos um dos três juízes também era maçom.

Os incêndios de igrejas quase não foram mencionados no tribunal. Em cada caso, eles apresentaram uma testemunha, que alegou que eu queimei essa ou aquela igreja, e foi só. “Culpado”. Apenas isso. Esse processo foi repetido quatro vezes e eu fui considerado culpado de atear fogo em quatro igrejas, três delas tendo sido completamente queimadas. Não havia uma única evidência sequer em qualquer um desses casos. Eu fui condenado somente devido ao testemunho de uma única pessoa em cada caso. Todas essas testemunhas eram amigos de Euronymous!

Até o meu incompetente advogado não se preocupou em argumentar sobre os incêndios, alegando que “isso não era importante”. “Você não vai receber uma pena muito alta por isso, de qualquer forma”, ele pensou. Outra coisa interessante é que nenhuma impressão digital, ou qualquer outra evidência técnica, foi apresentada no tribunal. Quando fui preso eu tinha uns 3.000 cartuchos de munição (a maioria .22LR, 38 Special, 7,52N, 7.92 mm e calibre 12) em meu apartamento, mas a maior parte não foi nem mesmo incluída na lista de objetos confiscados. Os policiais simplesmente pegaram o que quiseram. Para eles era “munição gratuita”. Eles até roubaram meu capacete de aço da SS, embora eu só possa imaginar porquê.
Finalmente, fui condenado por roubar e armazenar por volta de 150 kg de explosivos (a maior parte dinamite e um pouco de glynite) e três sacolas de detonadores eletrônicos e também por invadir algumas cabanas nas montanhas – das quais eu, de acordo com eles, roubei uma bandeira da Noruega (?!) e um livro, enquanto procurava armas. Eu nunca fui condenado por profanação de sepulturas, como muitos parecem acreditar, ou por atear fogo na Igreja Fantoft Stave. Eles não acharam nenhum “metalhead” burro que pudesse mentir e dizer a eles que tinha me acompanhado no incêndio da igreja, como nos outros casos, então eles não tinham evidência alguma contra mim naquele contexto, e eu tinha até mesmo um álibi, já que uma garota de Oslo tinha passado a noite comigo (mesmo assim meu advogado de “defesa” nem se preocupou em pedir a ela que testemunhasse em minha defesa!). A acusação foi toda baseada em boatos. Além disso, quando o júri não me considerou culpado por incendiar a Igreja Fantoft Stave, a juíza principal ficou tão zangada que disse que era “óbvio” que eu tinha feito aquilo também, mas isso não importava, já que eu receberia a pena máxima mesmo – e, surpreendentemente, ela disse isso antes dos três juízes e membros do júri começarem a discutir sobre a pena, então, obviamente, eles já haviam decidido de antemão que eu deveria pegar 21 anos de qualquer maneira. Eles queriam me usar como exemplo, para mostrar à juventude da Noruega que não se deve brincar com “a Mãe dos Porquinhos”.

O assassinato de Euronymous foi uma bênção para eles. Finalmente eles tiveram uma desculpa para se livrarem de mim (ou foi nisso que eles acreditaram: as pessoas tendem a acreditar que até mesmo um ano na prisão significa “o fim” de tudo). Eu não acho que tudo isso teria acontecido se a mídia não tivesse publicado tantas mentiras sobre mim, porque foram essas mentiras que fizeram Euronymous querer se livrar de mim em primeiro lugar: Eu ganhei tanta atenção que ele ficou com inveja. Portanto o sistema de justiça me condenou a 21 anos porque a mídia me deu tamanha atenção que eu me tornei mais importante e influente do que eu era no início e porque eles foram tão intensamente provocados pelos incêndios das igrejas que perderam a cabeça completamente.

Em resumo, fui atacado por um criminoso condenado, me defendi e peguei 21 anos por isso. E como se isso não fosse suficiente, mudaram as regras depois que fui condenado, o que significou oficialmente que devo cumprir 2 anos a mais do que eu deveria. 21 anos significam que eu seria solto depois de 12 anos mas, há alguns anos (em 2000 ou 2001), as regras foram mudadas, logo, de acordo com eles, agora devo cumprir 14 anos, porque a nova lei é retroativa! Porém, é ilegal criar leis retroativas como essa, de acordo com a constituição da Noruega e leis internacionais, mas quem se importa? Em 1945, quando a guerra acabou, não tínhamos nem mesmo pena de morte em tempos de guerra na Noruega, mas o sistema judiciário que temos hoje criou uma nova lei, fez com que seja retroativa e executou doze pessoas (em tempos de paz!). Não sou um “pobre” imigrante afro-asiático nem um extremista de direita, ou um cristão fracote implorando por misericórdia, então de maneira alguma a mídia dará algum tipo de apoio a mim. Sou simplesmente persona non grata na Noruega, um país que muitos europeus ocidentais conhecem como “a última república Soviética”. Eu ainda posso pedir a condicional depois de 12 anos apenas mas, pela minha experiência com o sistema judiciário da Noruega, não estou muito otimista a esse respeito. Há uma diferença entre Þórr e Loki, como dizemos aqui na Escandinávia.
Estou furioso com tudo o que aconteceu, mas sei que darei a volta por cima no final e acho que isso é o que realmente importa. Eu nem mesmo os odeio, apenas tenho pena deles. Acima de tudo sou grato por não ser como eles. Recuperarei minha liberdade um dia, mas eles provavelmente não terão melhorado nem um pouco. É como no caso do gordo e do feio: o gordo sempre pode perder peso, mas o feio sempre será feio.

Obrigado pela sua atenção.

Varg "o vilão" Vikernes

Dezembro de 2004

Corruptissima re publica plurimae leges (Cornelius Tacitus) (Quanto mais corrupto é o Estado, mais leis existem)

Hodie mihi, cras tibi (Eu hoje, Você amanhã)